13 de maio de 2025

 

Revendo le notti di cabiria dou-me conta da sumptuosidade com que fellini tece o tour de force que é toda a história de cabiria, mulher fadada à erraticidade pelas desventuras da vida, aquele sorriso final, aliado à lágrima no olho "à la pierrot", que tudo e mais alguma coisa significa ou simboliza - resignação, descoberta da beleza nas pequenas coisas, nas trivialidades da vida, os mais sofríveis são sempre os mais bondosos, a esperança teima em resistir -, é o milagre da vida a acontecer, a força interior a renascer, a sacralidade que pelo meio lhe pisca o olho (a ela, cabiria) e que a fascina e atrai sempre na esperança de fugir ao "pecado" é ali erodida, escancarada... no meio da negrura e da penúria, a luz da vida, milagre supremo, é revelada naquele sorriso final.

 
Le notti di cabiria (1957, Federico Fellini)

Sem comentários: