5 de maio de 2025

 

| lirismo ozuiano | 


1954, Onna no koyomi, Seiji Hisamatsu 


Como num filme de ozu, onna no koyomi deambula entre a serenidade idílica das suas personagens e os conflitos geracionais das mesmas; é por isso, na sua característica ozuiana, que o filme de hisamatsu se expande e maravilha o espectador sensível a isso; coisa idílica e efabulada, onna no koyomi trata as relações fraternais com uma doçura e uma candura só distanciada (ou quebrada) pelo comprometimento marital; ora, o filme centra-se nas duas irmãs ainda solteiras, é na possibilidade (necessidade?) do casamento que o enredo se desenvolve, e na relação dessa possibilidade (necessidade?) entre elas, na sua distinção - onde uma rejeita completamente qualquer pretendente e essa possibilidade de casar, a outra é o oposto, estando já enamorada e pretendendo casar; na tranquilidade da pequena vila piscatória, a estas duas irmãs cujos laços se revelam sólidos e muitos afectuosos, essa possibilidade do casamento é vista como disruptiva e castradora dessa mesma solidez fraternal, para isso contribuem os exemplos das restantes irmãs - são cinco ao todo -, cada uma delas entregue aos seus maridos e suas famílias (uma delas tem cinco filhos); é na vinda dessas irmãs para as cerimónias fúnebres de aniversário do pai que a interação entre elas se define e redefine e nos mostra o que se consolida numa e noutra; belíssimo!

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