19 de junho de 2023



1998, Nic, Dorota Kędzierzawska

 A primeira vez que vemos a comiseração em nic é quando aquela velha bisbilhoteira do prédio lhe diz pra ir com ela e as crianças dali embora, a segunda é o casal de velhinhos que os acolhe no final, antecedendo a tragédia, tragédia essa que presentimos desde o início do filme; nic expressa assim nessa comiseração, e em meio ao fatalismo e à penúria do mundo, uma esperança na humanidade; é de resto o sepia embrutecido que simboliza essa penúria do mundo, sepia sokuroviano (e nic é soviético em todo o seu imo) que alia os closes, os silêncios e a acção comportamental e corporal - existe no filme de Kędzierzawska uma ambiência quase que onírica -, numa locomoção vertiginosa do arquétipo individual do colectivo que no passado suportou o autoritarismo do patriarcado; assim, na sua totalidade, nic declara o terror do medo e a sua angústia, colhe aí os frutos das acções que precederam e que determinaram a sociedade...

Sem comentários: