29 de janeiro de 2010

Sud Sanaeha (2002)








Primeiro filme que vejo deste tailandês cujo nome é quase impronunciável, Apichatpong Weerasethakul. Primeiramente que tudo, é um filme político. A imigração ilegal é o principal foco do tailandês. A história centra-se em três personagens fulcrais, Min (o tal imigrante birmanês), Roong (a namorada tailandesa) e Orn (uma mulher de meia idade que parece ser tipo protectora de Min). E Weerasethakul apresenta-nos estas três personagens antes dos créditos iniciais (convém referir que só passado 45 minutos é que estes são apresentados – algo inédito penso eu). Mas relativamente ao filme, existe sobretudo um teor político como já referi. Por outro lado, o filme vive duma forte conotação sexual (existe inclusive uma cena explícita onde Roong acaricia o pénis de Min). Roong abandona o trabalho sob o falso pretexto de estar doente e parte juntamente com Min para um local exótico com vista a ter uma tarde de romance e prazer. Orn trai o marido perto do local onde Min e Roong estão. Ou seja, o cineasta tailandês parece-me preocupado em explorar o momento, o prazer humano momentâneo, especialmente o prazer sexual, o clímax do momento. Mas o início do filme explora essa vertente política. Min tem uma doença qualquer da pele (é irrelevante qual), mas o importante é reparar que ele nem fala (a namorada alega que ele tem desde criança dores de garganta que o impossibilitam de falar). E não fala simplesmente para não revelar a sua verdadeira identidade, a nacionalidade. Antes de saírem do médico pedem um atestado de robustez física à médica, mas sem documentos é impossível diz-lhe esta. E onde estão os documentos? Portanto, o tailandês divide, quanto a mim, o filme em duas partes. A primeira parte (os primeiros 45 minutos que antecedem os créditos iniciais) onde ele incide nessa temática política, nessa problemática da imigração. A segunda parte reserva-nos essa exploração do desejo sexual. E aqui, Weerasethakul faz o elo de ligação entre o sexo e a natureza. Porque é no bosque onde os amantes (quer o jovem casal quer Orn e o amante) se entregam ao desejo sexual. E depois temos a beleza naturalista e paisagística do filme, a luz, a claridade. Tenho de descobrir mais profundamente este senhor.

1 comentário:

Álvaro Martins disse...

Exactamente João, gostei muito desse estilo naturalista e da claridade que aplica, da luz. Tenho de ver mais :)