Pulp Fiction de Quentin Tarantino
Mystery Train é daqueles filmes que se camuflam a eles próprios, daqueles filmes que se escondem numa simples história. Aqui temos três histórias, todas elas independentes mas ao mesmo tempo interligadas. Histórias que não se cruzam mas que se passam no mesmo hotel, ao mesmo tempo e oriundas do mesmo local. Jarmusch faz um filme cru, ao seu estilo. É sem dúvida um filme tipo, com planos sequência longos e narrativamente linear. A dada altura da fita dei comigo a pensar se Jarmusch não teria feito melhor se narrasse o filme de outra maneira, não tão linear. Mas no final percebi o porque de Jarmusch optar por essa linearidade, o porque de contar as três histórias uma de cada vez. E tudo se resume a um romanticismo que Jarmusch quer mostrar, a uma fuga satírica que Jarmusch quer, porque o cineasta podia ter explorado essa vertente mas remete-se a uma candura romantica que simplifica o filme. E Jarmusch é patriota, acredita no valor do povo americano e preocupa-se em cultivar a cultura do seu país, seja musical ou de outro tipo, e nota-se que o seu cinema é 100% americano mas que critica quando tem de criticar. Mas o mais importante neste "Mystery Train" é a metáfora do comboio. Porque o comboio faz aqui alusão aos personagens do filme, ao ocorrido, ao presente e futuro, como que a querer mostrar que a vida está sempre em andamento como o comboio. Foi o terceiro filme de Jarmusch e sem dúvida um dos melhores que vi dele.
Shohei Imamura sempre foi um dos mais polémicos cineastas japoneses. Os anos 50 e 60 foram muito férteis na sua carreira cinematográfica, o que fez dele um dos mais iconoclastas cineastas do Japão. E com este “Unagi”, Imamura conseguiu arrecadar a sua segunda Palma de Ouro de Cannes em conjunto com “Ta'm e Guilass (O Sabor da Cereja) ” de Abbas Kiarostami.