1970, Five easy pieces, Bob Rafelson
| too long in exile |
Em five easy pieces, “filme-herdeiro” de easy rider que acaba por se desconstruir e progressivamente ir aniquilando esse herdamento - na verdade five easy pieces fala da geração seguinte - há um confronto entre dois mundos no interior de um homem inadaptado ou permanentemente insatisfeito; se em five easy pieces reluz ainda algo daquela américa mítica de ford ou (sobretudo) de huston, é na verdade com os seus contemporâneos que o filme de rafelson dialoga (cassavetes, bogdanovitch, malick, hellman, altman…), numa constante confrontação entre esses dois mundos declarados e metaforizados (burguesia vs proletariado, erudição vs rudeza, limpeza vs sujidade, culto vs inculto, racionalidade vs irracionalidade, etc) que desaguam no tédio e na insatisfação que bobby sente e que lhe proporcionam a sua complexidade; é portanto essa a origem da sua irritabilidade e da sua frieza emocional que apenas sofre flutuações aquando das suas explosões irascíveis; na verdade, é a sua insatisfação, que lhe faz rejeitar o elitismo do mundo familiar, que resulta na sua irascibilidade e na sua falta de amor-próprio como lhe diz catherine perto do final, por isso se prende a alguém que despreza, que acha inferior e patética, até ao final libertador em que se dá ou a tomada de consciência ou o recomeçar de mais um ciclo.
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