30 de março de 2025

 


2010, Au fond des bois, Benoît Jacquot


Sobre au fond des bois do jacquot, filme assombroso que remete para o desejo mas que se desdobra numa complexidade notável, é de realçar a forma como o cineasta francês explora o poder da sedução e a fragilidade do seduzido; numa metamorfose desenvolvida progressivamente, que parte do fantasmático e do encantamento, au fond des bois analisa a capacidade do poder mental (e do olhar) e da altercação do poder; se é timothée quem rapta e força joséphine a segui-lo e a ter relações com ele por meios encantatórios, progressivamente observamos a passagem do comando dele para ela, sugerida mais tarde pelo fórceps hipnótico de joséphine desafiar a dor e a morte, culminado no final de ascendência “joséphiniana”; é nessa alternância (que se estende à temporalidade e à sociedade em si, tendo joséphine como símbolo dessa evolução social), na fragilização do raptor/feiticeiro (o feitiço mata o feiticeiro) pela crescente obsessão por joséphine, como se à medida que o desejo se torna amor a fragilização acontece, que au fond des bois se revela na sua maestria, deixando-nos ainda no final a dúvida de ter sido sempre ela a sedutora; magnífico!

 

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