3 de fevereiro de 2023


 

2013, Feng-ai, Wang Bing

Til madness do us apart é, talvez, das coisas mais acutilantes do Bing, mais corrosivas... quem quiser novelas, quem quiser enredos novelisticos e entretenimentos baratos "à la hollywood", quem quiser coisa pirotécnica, coisa circense ou à videogame ou videoclip, por favor não veja este filme, nem qualquer outro do Bing... isto é cinema verité, mas dum verité que transcende qualquer ideia de reality show [comparação tão limitadora e reveladora da incompreensão do cinema observacional de Bing (e doutros como Bing)], assim como transcende qualquer manifesto político ou social. Wang Bing, com o seu estilo observacional directo e cru, cria um intimismo do espectador com o objecto observado que causa desconforto, humaniza o desumano. De facto, há em Bing o mesmo que há em Costa, a mesma forma de trabalhar e de "tratar o personagem", a mesma crueza na exposição do que se filma e ao mesmo tempo a mesma distância ética que carrega consigo, o mesmo espaço e liberdade do que se filma... volto a dizer, quem quiser nolans ou spielbergs ou shyamalans não veja Til madness do us apart.

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