25 de fevereiro de 2023

 




a registar:


1961, The Guns of Navarone, J. Lee Thompson
1993, Lan feng zheng, Tian Zhuangzhuang
1998, L’ennui, Cédric Kahn
1976, Mr. Klein, Joseph Losey
2002, Auto Focus, Paul Schrader
1997, Affliction, Paul Schrader
1979, Hardcore, Paul Schrader
1992, Light Sleeper, Paul Schrader
2007, The Walker, Paul Schrader
2022, Im Westen nichts Neues, Edward Berger
1923, La Roue, Abel Gance
2021, Jaddeh Khaki, Panah Panahi
2000, Sanan, Rafi Pitts
1972, Fratello sole, sorella luna, Franco Zeffirelli
1959, Solomon and Sheba, King Vidor 
2007, La graine et le mulet, Abdellatif Kechiche 
2003, L'esquive, Abdellatif Kechiche 
2013, La vie d’Adèle, Abdellatif Kechiche 
2017, Mektoub, My Love: Canto Uno, Abdellatif Kechiche 
2021, Benediction, Terence Davies 
1960, Austerlitz, Abel Gance 
1978, Ciao Maschio, Marco Ferreri 
2003, Les égarés, André Téchiné 
2004, Rois et reine, Arnaud Desplechin 
2021, Paz, José Oliveira e Marta Ramos 
2017, Buğday, Semih Kaplanoğlu 
2019, Bağlilik Asli, Semih Kaplanoğlu 
2021, Bağlilik Hasan, Semih Kaplanoğlu 
2022, An Cailín Ciúin, Colm Bairéad 
1965, Sevmek Zamani, Metin Erksan 
2019, It Must Be Heaven, Elia Suleiman 
1994, Tikhie stranitsy, Aleksandr Sokurov 
2021, Dangsin-eolgul-apeseo, Hong Sang-Soo 
2021, Mr. Landsbergis, Sergei Loznitsa 
2022, Crimes of the Future, David Cronenberg 
1950, House by the river, Fritz Lang 
2021, Babi Yar. Context, Sergei Loznitsa 
1982, The Man from Snowy River, George Miller 
2008, The river ran red, J. Michael Hagopian 
1972, What’s Up, Doc?, Peter Bogdanovich 
1982, Moonlighting, Jerzy Skolimowski 
1985, The Lightship, Jerzy Skolimowski 
2022, EO, Jerzy Skolimowski 
2020, The unseen river, Pham Ngoc Lan 
1913, Gränsfolken, Mauritz Stiller 
2015, 11 minut, Jerzy Skolimowski 
2017, Les fantômes d’Ismaël, Arnaud Desplechin 
2019, Roubaix, une lumière, Arnaud Desplechin 
2021, Tromperie, Arnaud Desplechin 
2020, Ar condicionado, Fradique 
2007, Zui y ufa, Zhao Liang 
2009, Petition, Zhao Liang 
2000, Zamani barayé masti asbha, Bahman Ghobadi 
1997, Brat, Aleksei Balabanov 
1984, El-haimoune, Nacer Khemir 
1997, Cure, Kiyoshi Kurosawa 
1963, El Naser Salah el Dine, Youssef Chahine 
1952, Sayedat al-Qitar, Youssef Chahine 
1988, Koniec swiata, Dorota Kędzierzawska 
1991, Diably, diably, Dorota Kędzierzawska 
2013, Feng-ai, Wang Bing 
2002, Dah, Abbas Kiarostami 
1989, Mashgh-e Shab, Abbas Kiarostami 
2001, ABC África, Abbas Kiarostami 
1977, Gozaresh, Abbas Kiarostami 
2010, Curling, Denis Côté 
2005, Qing Hong, Wang Xiaoshuai 
1978, The Shout, Jerzy Skolimowski 
1974, Martha, Rainer Werner Fassbinder 
2022, So-seol-ga-ui yeong-hwa, Hong Sang-soo 
1932, Blonde Venus, Josef von Sternberg 
1956, The King and Four Queens, Raoul Walsh 
1950, Father of the bride, Vincente Minnelli 
1937, You only live once, Fritz Lang 
1981, Mephisto, István Szabó 
2022, The Natural History of Destruction, Sergei Loznitsa 
2022, Aftersun, Charlotte Wells 
2001, Shiqi sui de dan che, Wang Xiaoshuai 
2019, Di jiu tiangang, Wang Xiaoshuai 
2009, Morrer como um homem, João Pedro Rodrigues 
2022, Un Varón, Fabian Hernández 
1999, Ôinaru gen’ei, Kiyoshi Kurosawa 
1958, Kommunist, Yuli Raizman 
1970, Muzhskoye leto, Marijonas Giedrys 
2021, Külön falka, Hajni Kis 
2022, Babylon, Damien Chazelle 




Revisões: 


1975, L’histoire d’Adèle H., François Truffaut 
1973, La Grande Bouffe, Marco Ferreri 
2012, Dupa Dealuri, Cristian Mungiu 
2002, The Pianist, Roman Polanski 
2008, Two Lovers, James Gray 
2013, The Immigrant, James Gray 
1973, Paper Moon, Peter Bogdanovich 
1977, Opening Night, John Cassavetes 
1995, Braveheart, Mel Gibson 
1991, A Idade Maior, Teresa Villaverde 
1924, Die Nibelungen: Siegfried, Fritz Lang 
1924, Die Nibelungen: Kriemhilds Rache, Fritz Lang 
1999, Angelas’s ashes, Alan Parker 
1921, Der müde Tod, Fritz Lang

19 de fevereiro de 2023

 




2022, Un varón, Fabian Hernández



a primeira longa de Fabian Hernández é coisa subversiva e anárquica, fala-nos aparentemente de sobrevivência num caos social e económico duma Bogotá "a ferro e fogo"... Num abrigo para jovens, local que se dilui com a violenta e brutal "rua" onde a delinquência e a criminalidade reina, somos apresentados a Carlos, adolescente que parece ainda não ter abandonado completamente a infância, a própria ideia geral do filme é essa transição para a idade adulta ou o que faz, naquele meio, de alguém um homem - está lá bem assente essa questão da masculinidade como status quo para a fulcralidade da respeitabilidade entre os mesmos e à sua sobrevivência -, assim como está o conflito interior dessa passagem para ser aquilo que é necessário à sobrevivência nas ruas de Bogotá, coisa que acarreta a total perda da candura ainda remanescente dessa infância tolhida (nunca plena ou nunca tida), a separação da mãe e da irmã - esta última ele visita e é em certa medida algum apoio (ou elo), ainda que imersa na degradação e na cosmologia daquela Bogotá negra e infernal -, o conflito moral ou apenas a coragem necessária para "premir o gatilho"...

 




2022, Triangle of sadness, Ruben Östlund 


O triangle of sadness do Östlund (e gostei tanto deste quanto do the square) é como aquelas promessas falhadas no desporto, quando aparecem prometem muito mas depois não dão nada... assim é o triangle of sadness, promissor, contudo, aliás, como já no square acontecia, perde-se no rumo que toma e desagua numa salgalhada de registos e de intenções de crítica social... ao invés de continuar na premissa inicial (o casal de jovens namorados, modelos, influencers) e explorar a relação e a superficialidade dela, das motivações, etc (como, de resto, aparentava ser o rumo de triangle of sadness), o sueco decide metê-los num iate luxuoso, durante praí meia-hora esquecer o casal e focar-se na elite e no absurdo do consumismo e do materialismo (com momentos hilariantes, é certo) e depois na ilha subverter a coisa. Resultado, inicia num registo para no meio adoptar outro e no fim ainda tentar outro, ou seja, fraquinho.

12 de fevereiro de 2023


 

1937, You only live once, Fritz Lang

A dada altura, depois de Eddie matar o padre, ele diz-lhe a Joan (e importa referir as magníficas interpretações de Sidney e de Fonda): “fizeram de mim um assassino”, e é nessa fala, assim como naquele plano espantoso que no inicio nos mostra o primeiro beijo do casal (e cena tão simbólica, que nos revela a tragicidade, é rara nos dias de hoje em Hollywood) entre as grades, já ele solto do cárcere, como que a dizer-nos que aquele amor está condenado e preso, que Lang mostra ao que vem, a condenação do sistema em si, da sociedade (e fazer uma coisa política desta natureza em 37 num país como a América do final dos anos 30 é obra), da forma como os prisioneiros (mesmo os inocentados) eram tratados e “tolhidos” sem que houvesse espaço para a reabilitação. Dá-se a derrota do amor e a vitória da injustiça. You only live once do Lang é daquelas coisas negras e trágicas tão assombrosas e monumentais quanto as grandes tragédias de Sófocles ou de Shakespeare ou de…

3 de fevereiro de 2023


 

1988, Koniec swiata, Dorota Kędzierzawska


O fim do mundo de Dorota Kędzierzawska é daquelas coisas raras no cinema, é um diamante em bruto, por lapidar... tem em si toda a beleza do cinema, toda a beleza do mundo, transporta consigo toda a melancolia do ser humano e do mundo. É coisa monumental... na sua hora de filme, O fim do mundo supera tanta palhaçada hollywodesca (e não só!) afamada sem precisar de usar mais do que meia dúzia de diálogos, sem recorrer a sensacionalismos ou a facilitismos técnicos e narrativos... fala da velhice, da sua monotonia, da sua melancolia... confronta-a com a juventude, fala da natureza humana, da rotina, do relacionamento "de uma vida"... fala do fim e da sua espera, dos pequenos prazeres e vícios, da fé, do amor e da resignação... tudo isto nos gestos, nos ritos, nos silêncios, no detalhe, nos olhares e no comportamento de, basicamente, dois idosos. Que maravilha de filme é koniec swiata!


 

2013, Feng-ai, Wang Bing

Til madness do us apart é, talvez, das coisas mais acutilantes do Bing, mais corrosivas... quem quiser novelas, quem quiser enredos novelisticos e entretenimentos baratos "à la hollywood", quem quiser coisa pirotécnica, coisa circense ou à videogame ou videoclip, por favor não veja este filme, nem qualquer outro do Bing... isto é cinema verité, mas dum verité que transcende qualquer ideia de reality show [comparação tão limitadora e reveladora da incompreensão do cinema observacional de Bing (e doutros como Bing)], assim como transcende qualquer manifesto político ou social. Wang Bing, com o seu estilo observacional directo e cru, cria um intimismo do espectador com o objecto observado que causa desconforto, humaniza o desumano. De facto, há em Bing o mesmo que há em Costa, a mesma forma de trabalhar e de "tratar o personagem", a mesma crueza na exposição do que se filma e ao mesmo tempo a mesma distância ética que carrega consigo, o mesmo espaço e liberdade do que se filma... volto a dizer, quem quiser nolans ou spielbergs ou shyamalans não veja Til madness do us apart.