25 de maio de 2012

“Conan the Barbarian”, épico da lenda como também o fracassado e fraquíssimo “Red Sonja” de Fleischer o pretendia ser é qualquer coisa tão nobre e tão refinada como um qualquer épico do De Mille ou do Lean ou do Cimino. Milius sabia bem como contar a lenda, as viscosidades terríficas de tempos selváticos e primitivos, sabia bem como oscilar entre esse mundo do fantástico e do real, mesmo que tudo seja violento e se mergulhe vilipendiosamente numa época de batalhas, irracionalizações, escravidões e de vinganças, mesmo assim há por ali muita compaixão e coisa de homens justos e descobre-se que o amor e a amizade são coisas mais antigas e mais valiosas, mesmo que tudo isso emerja do fantástico e da lenda ou da mitologia e esteja incrustado num épico que “belisca” o action-movie e cospe-se a cada segundo toda a força motriz que incorpora a justeza e a sinceridade do espaço, do tempo, das tensões e dos corpos e do nervo que corre na alma e no músculo do filme. Foge portanto a qualquer épico do Scott ou do Lucas ou doutro desta laia, à falsidade e à vaidade destes homens que tudo fazem para se exibirem e para venderem, à hipocrisia que reina nesses épicos que tudo fazem para alienar o espectador e para o conquistar com os truques e as falsidades do costume. O filme de Milius é doutro campeonato, é coisa que não precisa se esconder atrás da espectacularidade ou dos sentimentalismos, não, é tudo arrancado às vísceras para verter na tela toda a brutalidade que brota das trevas, toda a fisicalidade e a ritualidade da acção e dos corpos da/na acção.

4 comentários:

Enaldo Soares disse...

Gostei muito da cena inicial, do assassínio da mãe como destruição da matrilinearidade, ou algo próximo disto. Mas o restante do filme me pareceu mediano. Já Red Sonja é um filminho qualquer.

O Narrador Subjectivo disse...

Muito bem dito, um óptimo filme de fantasia, com um sentido de ritmo e uso do espaço fantásticos.

João Palhares disse...

"Between the time when the oceans drank Atlantis and the rise of the sons of Aryas, there was an age undreamed of. And unto this, Conan, destined to wear the jeweled crown of Aquilonia upon a troubled brow. It is I, his chronicler, who alone can tell thee of his saga. Let me tell you of the days of high adventure! "

Impossível não gostar de um filme que comece assim. :)

Álvaro Martins disse...

Acho que é o melhor filme com o Schwarzenegger ;)