O lar perdido
“Home” de Ursula Meier é um conto ou uma alegoria ao paraíso perdido, à passagem da candura para o corrompimento. E o que Ursula Meier quer mesmo mostrar (lembremo-nos de “Kynodontas” do grego Lanthimos como obra similar mas ao mesmo tempo distante pela absurdidade que carrega consigo e pelo teor sexual excessivo) é esse desabar daquele paraíso criado que lentamente vai surgindo com a chegada da auto-estrada, símbolo desse corrompimento. O lar do título chega-nos para aquela família isolada da sociedade ou da azáfama da grande metrópole (lembremo-nos da cena em que mãe e filhos mais novos vão até ao campo onde Meier os filma novamente em harmonia, em paz e sossego como que novamente no paraíso e um deles pergunta porque não podem viver ali) como o paraíso ou um abrigo que lentamente se vai desmoronando com a desunião familiar que se instala a partir do início do funcionamento da estrada. Essa desunião vem acompanhada duma instabilidade quer emocional quer existencial de todos os membros daquela família, obsessões e insónias, coisa que culmina na claustrofobia que resulta daquele isolamento total a que a dada altura se votam. O que Ursula Meier filma é o rompimento familiar, e falamos do rompimento duma estrutura familiar rara onde pais e filhos partilham nudez com a mais das canduras possíveis, onde irmã mais velha e irmão mais novo tomam banho ao mesmo tempo, onde a liberdade e a comunhão com a natureza parece coisa adquirida naquele seio familiar, onde as brincadeiras na relva ou no quarto ou na banheira são do mais cândido e infantil que se possa imaginar, etc. Talvez por isso a recusa insistente na mãe em deixar a casa, porque sabe que ali é o seu lar perfeito, longe da perversidade e da “podridão” citadina que a auto-estrada teima em querer trazer. O que a certa altura percebemos é que, tanto a mãe (sobretudo a mãe) como o pai, tentam desesperadamente proteger o seu lar do ruído que os automóveis trazem. Ora este ruído não é mais do que a vinda da tal perversidade da metrópole que a pouco e pouco vai invadindo e destruindo o lar e a vida daquela família, o caos se instala e aquilo que outrora era o paraíso é agora o inferno. No fim fica a mudança, fica a utopia.
“Home” de Ursula Meier é um conto ou uma alegoria ao paraíso perdido, à passagem da candura para o corrompimento. E o que Ursula Meier quer mesmo mostrar (lembremo-nos de “Kynodontas” do grego Lanthimos como obra similar mas ao mesmo tempo distante pela absurdidade que carrega consigo e pelo teor sexual excessivo) é esse desabar daquele paraíso criado que lentamente vai surgindo com a chegada da auto-estrada, símbolo desse corrompimento. O lar do título chega-nos para aquela família isolada da sociedade ou da azáfama da grande metrópole (lembremo-nos da cena em que mãe e filhos mais novos vão até ao campo onde Meier os filma novamente em harmonia, em paz e sossego como que novamente no paraíso e um deles pergunta porque não podem viver ali) como o paraíso ou um abrigo que lentamente se vai desmoronando com a desunião familiar que se instala a partir do início do funcionamento da estrada. Essa desunião vem acompanhada duma instabilidade quer emocional quer existencial de todos os membros daquela família, obsessões e insónias, coisa que culmina na claustrofobia que resulta daquele isolamento total a que a dada altura se votam. O que Ursula Meier filma é o rompimento familiar, e falamos do rompimento duma estrutura familiar rara onde pais e filhos partilham nudez com a mais das canduras possíveis, onde irmã mais velha e irmão mais novo tomam banho ao mesmo tempo, onde a liberdade e a comunhão com a natureza parece coisa adquirida naquele seio familiar, onde as brincadeiras na relva ou no quarto ou na banheira são do mais cândido e infantil que se possa imaginar, etc. Talvez por isso a recusa insistente na mãe em deixar a casa, porque sabe que ali é o seu lar perfeito, longe da perversidade e da “podridão” citadina que a auto-estrada teima em querer trazer. O que a certa altura percebemos é que, tanto a mãe (sobretudo a mãe) como o pai, tentam desesperadamente proteger o seu lar do ruído que os automóveis trazem. Ora este ruído não é mais do que a vinda da tal perversidade da metrópole que a pouco e pouco vai invadindo e destruindo o lar e a vida daquela família, o caos se instala e aquilo que outrora era o paraíso é agora o inferno. No fim fica a mudança, fica a utopia.
1 comentário:
Assisti-o outro dia mesmo. Concordo com tudo que disseste, mas é uma narrativa que não caminha, não envolve o espectador.
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