Nicolas Winding Refn
Valhalla Rising é das maiores surpresas cinematográficas que tive ultimamente. Antes de mais, sim, Valhalla Rising é um filme enganador ou que aparenta ser mais uma bodega hollywoodesca como tantas outras mas que não é. Bem pelo contrário.
No que poderia parecer uma história épica e de aventuras encontramos apenas a história de um homem e da sua busca interior. O que falha (ainda que o aprimoramento visual exagere dando assim um rebuscar visual/fotográfico “limpinho” demais mas não seja causa maior dessa falha), é o misticismo criado em volta do homem e o obscurantismo procurado no seu interior, é, de certa forma, a divinização daquele homem dando assim uma compreensão desmesuradamente irreal e fictícia ao filme. Essa é a grande falha de Valhalla Rising, ainda que no final nos deparemos com a desvirtuação dessa divinização do guerreiro.
O que interessa ou o que me agradou foi não o aprimoramento visual latente do início ao fim mas a condução da câmara e da narrativa simplista e directa. Ou seja, Valhalla Rising opta pela contemplação, pelo naturalismo (The New World de Malick "à cabeça") e pela negrura. Opta por seguir o homem, sem grandes recursos ao diálogo e sobretudo com espantosos planos e enquadramentos. Temos violência que chegue (desmesuradamente até), afinal de contas é a história de um guerreiro viking (quase sobrenatural, quase invencível) feito escravo e liberto com a ajuda de um garoto que o seguirá para todo o lado. O garoto, ou a relação que se estabelece entre os dois, é a única demonstração de humanismo ou de afecto que aquele homem mostra. O resto, tudo é caótico, claustrofóbico, insano e essencialmente obscuro, como se ele (o guerreiro) previsse o futuro. O que me parece, acima de tudo, é que há a constante procura da animalização e da irracionalidade do ser humano, o que deixa, no final, a impressão da influência peremptória do Aguirre do Herzog.
No que poderia parecer uma história épica e de aventuras encontramos apenas a história de um homem e da sua busca interior. O que falha (ainda que o aprimoramento visual exagere dando assim um rebuscar visual/fotográfico “limpinho” demais mas não seja causa maior dessa falha), é o misticismo criado em volta do homem e o obscurantismo procurado no seu interior, é, de certa forma, a divinização daquele homem dando assim uma compreensão desmesuradamente irreal e fictícia ao filme. Essa é a grande falha de Valhalla Rising, ainda que no final nos deparemos com a desvirtuação dessa divinização do guerreiro.
O que interessa ou o que me agradou foi não o aprimoramento visual latente do início ao fim mas a condução da câmara e da narrativa simplista e directa. Ou seja, Valhalla Rising opta pela contemplação, pelo naturalismo (The New World de Malick "à cabeça") e pela negrura. Opta por seguir o homem, sem grandes recursos ao diálogo e sobretudo com espantosos planos e enquadramentos. Temos violência que chegue (desmesuradamente até), afinal de contas é a história de um guerreiro viking (quase sobrenatural, quase invencível) feito escravo e liberto com a ajuda de um garoto que o seguirá para todo o lado. O garoto, ou a relação que se estabelece entre os dois, é a única demonstração de humanismo ou de afecto que aquele homem mostra. O resto, tudo é caótico, claustrofóbico, insano e essencialmente obscuro, como se ele (o guerreiro) previsse o futuro. O que me parece, acima de tudo, é que há a constante procura da animalização e da irracionalidade do ser humano, o que deixa, no final, a impressão da influência peremptória do Aguirre do Herzog.
9 comentários:
Tenho muita curiosidade em ver isto.
Eu gostei, foge a tudo o que é espectáculo hollywoodesco e que seria previsível num filme desta natureza.
tenho cá o filme há meses para ver, a ta critica fe-lo subir garantidamente bastantes lugares na "lista"
Fico contente que a minha opinião tenha esse valor ;)
Visto. E estou rendido, já é para mim dos melhores filmes estreados em Portugal este ano!
Embora tenha gostado não vou tão longe Sam, comparo-o muito ao Essential Killing do Skolimowski, tens algumas falhas que o limitam, aquelas visões manhosas noutra cor e o mito que é criado em torno dele eram escusadas, mas é bom filme.
Prefiro este ao Essential Killing, filme que quase me decepcionou.
Embora este Valhalla Rising talvez pareça querer ser mais importante do que merece, não resisto ao seu taciturno ambiente medieval (lembrando Herzog ou Vincent Ward), à sua apurada fotografia, ao seu hipnótico sound design e, embora se possa debater durante horas o que o filme pretende dizer (se é que pretende alguma coisa), não ser possível negar que se tratar de um impressionante "pedaço" de cinema.
Sim, tecnicamente é muito bom, muito bem filmado e notam-se influências não só do Herzog (Ward não conheço) como do Tarr ou do Dreyer. Eu acho-o bastante teatral e gostei disso. Mas lá está, perde-se na narrativa, nos floreados.
E eu gostei mais do Essential Killing, é mais frio, mais cru, mais realista, é melhor filme.
Vincent Ward realizou um filme situado na Idade Média de que gostei bastante chamado The Navigator (http://www.imdb.com/title/tt0095709), enquanto via o Valhalla lembrei-me deste título várias vezes.
E acho que também há aqui uma forte influência de Tarkovsky, nomeadamente do Stalker.
Quanto à nossa opinião, lá teremos de concordar em discordar :)
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