1 de novembro de 2010

Vincere (2009)











Vincere assume-se como um biopic sobre aquela que terá sido a amante (e mulher?) do ditador Benito Mussolini. Ao ver um filme destes, traz-se, à partida, uma ideia formada do que este pode alcançar, isto porque, qualquer que seja o biopic, tem à partida as pernas cortadas. Ou seja, é limitado. E é limitado porque se cinge a relatar algo que (terá ou será somente suposto) existiu. Mas Bellocchio é muito competente no que faz. Antes de mais, Vincere é um filme negro, obscuro. E todo esse negrume e essa obscuridade (obscuridade que não advém somente do negrume visual e ambiental, mas também da frieza do Duce para com Ida, da forma como se envolve e se desfaz dela) trazem não só uma compatibilidade com aquela história trágica e dolorosa daquela mulher, como também um ambiente caracterizador e definidor do próprio Duce. Depois, Vincere é um filme bem filmado, alguns enquadramentos arrojados e uma fotografia consistente.

Podemos dividir Vincere em duas partes. Misturando ficção e documentação histórica, a primeira parte do filme mostra-nos um Mussolini jovem, revolucionário e ambicioso (Filippo Timi numa grande interpretação). E é por este Mussolini que Ida se apaixona loucamente. Na segunda parte, temos o martírio de Ida, a sua constante luta para gritar ao mundo que é a mulher do Duce e que tem um filho seu, a sua ida de manicómio em manicómio. Mussolini aparece sempre em imagens de arquivo e Timi passa (a certa altura) a interpretar o filho de Ida e Mussolini. E esta mistura de ficção (sempre apoiada em factos verídicos) e documentação histórica cai bem, refresca o biopic. Mas Vincere não passa disso, de um filme competente.

3 comentários:

João Lameira disse...

O "Vincere" deixa aquele sabor a pó e a naftalina dos filmes académicos. Quando perde a personagem Mussolini, perde quase todo o interesse. Mas houve quem gostasse muito, admito que me possa ter escapado qualquer coisa.

Billy Rider disse...

Porque é que o post anterior não tem caixa de comentários? Até que era um assunto propício aos mesmos.

Álvaro Martins disse...

Para evitar comentários desnecessários e néscios como os do post do Inception.