18 de março de 2010

Pola X (1999)












Ora bem, podemos dividir Pola X em dois actos, em duas partes por assim dizer, duas ambiências que se complementam. E é inteligentemente que Leos Carax faz isso. O filme começa vivo, cheio de cor, bem ao estilo do cinema francês. Mas a partir de certa altura torna-se negro, perturbador. E tudo acompanha a história, todo o ambiente está de acordo com o que Pierre passa. Pola X é essencialmente um filme moral e ambíguo, duma ambiguidade complexa e desconexa, duma matéria psicológica que atravessa toda a compreensão do filme. Porque, o que realmente Pierre procura é a verdade, a redenção pelo erro do pai. E se primeiro abandona tudo e todos para se refugiar com Isabelle, depois do incesto a procura remete-se exaustivamente à escrita, como que a querer denunciar o pecado humano, como que a querer justificar o incesto. A ingenuidade de Pierre arrasta-o para a insanidade, fá-lo mergulhar num abismo moral, físico e psicológico onde toda a procura da verdade se torna confusa na sua mente, onde tudo o que parecia irrefutável é agora contestável. E Yekaterina Golubeva é uma grande actriz, uma das melhores nos dias que correm. Se já em Trys Dienos, Few Of Us e Koridorius (Sharunas Bartas – que também entra neste) me agradava, então depois de ter visto Twentynine Palms e agora Pola X, não posso afirmar outra coisa senão de que é realmente uma das melhores actrizes do panorama cinematográfico actual.

2 comentários:

Álvaro Martins disse...

Ainda não vi esse. Fica o conselho :)
Este é muito bom, vê ;)

Anónimo disse...

E além de tudo isso tem banda sonora do grande Scott Walker :D