Um filme de Aleksandr Sokurov
Sokurov fez de facto um filme imponente e visualmente arrebatador. “Russian Ark” é à partida um produto experimental do cineasta russo. Filmado em câmara digital, o filme foi feito num só dia num único plano contínuo de uma hora e meia sensivelmente. Com uma mise-en-scène virtuosíssima, “Russian Ark” transporta sobretudo conteúdo histórico, cultural e arte, muita arte. Sokurov cria uma viagem entre o espaço e o tempo pelas maravilhosas e longas divisões do Museu Hermitage em São Petersburgo, onde ele próprio como narrador que somente ouvimos e Adolphe de Custine, um marquês francês do séc. XIX, vagueiam pelas divisões do museu admirando os quadros históricos, presenciando momentos de figuras como Pedro O Grande, Catarina II, Nicolau I, Nicolau II, Alexandra, Anastasia…., tendo depois o auge num enorme salão onde, com um vasto número de figurantes, é palco de um baile conduzido por uma magnificente orquestra e terminando com a saída dessas centenas de figurantes pela Grande Escadaria do Palácio.
O grande trunfo da obra é claramente esse aspecto visual e musical que é completamente maravilhoso. É compreensível que não seja apreciado por bastantes cinéfilos, pois trata-se de um filme sobretudo cultural, histórico e com uma narrativa lenta. Contudo, para mim, e não sendo a melhor obra de Sokurov, é um exemplo daquilo que me agrada ver em cinema.
2 comentários:
Uma amiga blogueira indicou este filme, com ressalvas. Não o conhecia e sabia que encontrava aqui uma crítica na medida. Como professor de História não posso deixar de vê-lo, mas mais o quero do que me sinto obrigado a tal.
Recomenda-se :) aliás, recomenda-se muito Sokurov eheh. Este é sobretudo um monumento de filme pela sua mise-en-scène, por ser filmado num só plano-sequência, pelos cenários, pela encenação e pelo conteúdo histórico e cultural.
Enviar um comentário