Um filme de Catalin Mitulescu
Sublime. É realmente sublime a forma de Catalin Mitulescu nos contar uma história sobre a transição da adolescência para a fase adulta. E Doroteea Petre é linda e transporta para o ecrã toda essa beleza, essa sensualidade duma adolescente que sonha em viver num país livre. O tempo é o da ditadura de Nicolau Ceaucescu e o espaço é uma pequena localidade na Roménia. Minimalista, esta obra trata de esperança. Esperança na liberdade, esperança no “fim do mundo”. O título nem podia ser mais apropriado, “Como Eu Festejei o Fim do Mundo”. Em sentido figurativo, esse fim do mundo refere-se, naturalmente, ao fim da ditadura, ao fim dessa repressão política e social em que a Roménia esteve mergulhada. Mas Mitulescu não faz um filme político, a queda do ditador é assistida pela televisão de forma algo confusa. “Cum mi-am petrecut sfarsitul lumii” é sobretudo uma reflexão ao quotidiano duma classe média social dum país ditatorial, um olhar pelos sonhos de uma adolescente que cheia de revolta interior se divide entre o amor e essa ilusão de fugir dessa repressão e uma abordagem do mundo fantasista em que uma criança confusa vive, confrontada com a possível perda da irmã.