16 de agosto de 2011

Der Blaue Engel (1930)
Josef von Sternberg

O que me interessa destacar em Der Blaue Engel é a utilização do espaço como símbolo de corrupção moral e decadente do homem. Mais uma vez, Sternberg enegrece tudo pelas sombras do submundo e da devassidão humana para aqui nos contar uma fábula ou um conto trágico do declínio dum homem cuja sexualidade reprimida lhe permite o fascínio e o deslumbramento ingénuo e etéreo na sensualidade e na paixão efémera por uma dançarina. Entre o expressionismo e o realismo é sobretudo nessa aproximação ao primeiro que partimos para o tenebroso, subvertido e degradante trajecto do homem corrompido pela devassidão do ambiente nocturno e de lascívia da “serpente humana” (a mulher) em direcção à cruel humilhação, à demência e às trevas mais profundas que podem emergir na alma do homem. No momento final Sternberg mata o homem pelo arrependimento, pela condição mais vil e degradante que este atinge. Essa é a sentença trágica de quem se deixou ludibriar pelo coração da obscenidade e da devassidão, isso é que faz de Der Blaue Engel um bom filme. O resto, o surgimento duma nova estrela (Dietrich), a interpretação de Jannings (distante da de The Last Command, isto para nos restringirmos a filmes de Sternberg), alguns planos e movimentos de câmara dignos de registo e o jogo de luzes, não me pareceu que fosse suficiente para superar quer Crime and Punishment quer os mudos The Docks of New York (sobretudo este) e The Last Command.

1 comentário:

Consupstap disse...

Ah, parece igual ao "A morte do palhaço" do Raúl Brandão.