Um filme de David Cronenberg






Mas como ia dizendo, este filme é sobretudo uma história de redenção, da procura do recomeço de uma nova vida. E se esse recomeço já vai a meio, ou melhor, já foi alcançado no início do filme, a história faz com que tenha de ser novamente alcançada. E aqui Cronenberg mostra a sua arte, mostra que sabe fazer filmes além do seu universo cronenbergiano, além do viscoso e macabro de “Naked Lunch”, além do horror gráfico de “Scanners” e “Videodrome”.
E “A History of Violence” é um filme inteligente do início ao fim. Cronenberg constrói uma narrativa linear, é certo, mas que supera os filmes do género. Porque Cronenberg faz um thriller sem o ser, faz um drama sem o ser, faz um filme violento sem o ser. Ou seja, Cronenberg faz um filme mascarado, um filme que procura explicar a violência inata do Homem que a teoria da evolução de Darwin defende. É, no fim de contas, um filme à Cronenberg embora o não pareça. E Mortensen está brutal, a sua interpretação é brilhante, conseguindo transparecer o homem frio e calculista que anseia pela vidinha normal, o Tom que outrora foi Joey, o Joey que quer ser Tom.
E tudo não passa disso, da necessidade de um criminoso, de um assassino nato em ser um homem normal, um marido e um pai dedicado. Mas Cronenberg fá-lo magistralmente.
7 comentários:
Bem, estou para ver este filme e ainda não o vi não sei porque carga de água. Delirei com o PROMESSAS PERIGOSAS. E este está para breve. Mas ainda mais para breve estão os de Sergio Leone que por aqui andas a relembrar e tão bem, e que também ainda não conheço.
Cumps.
Roberto Simões
CINEROAD - A Estrada do Cinema
É um grande filme dum grande cineasta. Vê que certamente vais gostar. Quanto ao Eastern Promises não me posso pronunciar porque ainda não vi :)
Quanto aos do Leone só me ocorre dizer-te Boa escolha e não percas tempo.
Abraços
João, como disse ao Roberto, não posso falar de Eastern Promises porque ainda não vi. Mas também não é o meu preferido do Cronenberg, até porque Videodrome, Scanners e Spider são autênticos filmes de culto e foram a minha descoberta do cineasta à very long time ago ;)
Lembro-me perfeitamente de estar no cinema, a ver este filme e a pensar «que sorte do catano ter vindo ver este filme!».
E é mesmo assim que me sinto ainda hoje, quando recordo a bela surpresa cinéfila que tive naquele dia.
Eu pensei o mesmo, mas a minha surpresa foi a diferença de estilo do Cronenberg, porque desse senhor já sabia que dificilmente resultaria um filme mau ;)
E a verdade é que este novo estilo tem um power do camandro.
Não inferiorizando o outro, tem sim senhor ;)
Enviar um comentário