18 de setembro de 2022


 

They were expendable, John Ford, 1945

Acerca do They were expendable do Ford, é coisa sumptuosa e magistral… acabo de ver o filme e pergunto-me como é possível nunca o ter visto antes, como é possível ter chegado quase aos 40 anos sem o ter visto… se há cinema idílico no mundo é o de Ford [sem que me esqueça de Borzage que foi outro desses…], capaz de fazer dum filme de guerra uma das coisas mais líricas do cinema americano, capaz de toda a monumentalidade do cinema num filme sobre a luta heróica de uns marinheiros na segunda guerra mundial… os heróis de Ford sempre foram imbuídos desse sentido de dever, de patriotismo e de panteísmo, terra (pátria) família e Deus, e, They were expendables é pleno de patriotismo e de fé!... mesmo nas horas mais negras, na confrontação com a desumanidade da guerra, nos jogos de sombras e de luzes e nos olhares aterradores e abissais de Sandy (maravilhosa Donna Reed) naquela sala de cirurgia, nos planos abertos de Rusty (grande John Wayne) ao ouvir a noticia da derrota na batalha de Bataan, mesmo aí Deus e a pátria estão presentes… mesmo em toda aquela heroicidade dos personagens fordianos, mesmo em toda a tipicidade do seu cinema estar ali presente, mesmo na abdicação do amor pelo sentido do dever, da defesa da pátria, They were expendable rasga a tela com momentos e heróis mundanos, realistas, que tremem como os outros… e que no fundo é uma homenagem ao Capitão Brickley, interpretado por Richard Montgomery, que tinha sido amigo de Ford.

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