6 de novembro de 2012


“Finis Terrae” do Epstein rasga, rompe, abre todo o caminho que o cinema levará, rolará e pasmará e desbravará para sempre como tudo se desbrava na ferida do mundo como da ferida no dedo de Ambroise brotará toda a maldição que aquela garrafa partida lançará com ele até que a navalha perdida julgada roubada seja encontrada e tudo e todo e qualquer impossível seja tentado, como naquele momento final do “Tabu” do Murnau em que Matahi tudo luta e tudo e tanto nada para num esforço final e inglório alcançar o barco que lhe leva a sua amada, também aqui, “Finis Terrae” ou terra final de que mil metáforas possam ser feitas, em que, mais que a coragem e a firmeza em salvar Ambroise, se irrompe a ânsia e o propósito da remissão de Jean-Marie. E na maldição se mergulha, ainda que nos ritos e nos usos e costumes daquele povo se erga a grande (ou uma das grandes) objectividade de “Finis Terrae”, na comoção laboral que do orgulho e da destreza tudo virá como deles tudo ruirá para bem perto da morte caminhar, é da remissão que tudo e toda a alma de Ambroise se glorificará, fim do tormento nascido do engano, fim da escuridão e da solidão e da acção errante do homem, coisas que ao vento se dão para no vento voltarem como da névoa e da tempestade tudo brotará e toda a raça e destreza e vontade e determinação do homem em fazer e singrar a justeza das coisas e do mundo que do impossível tudo se ergue e tudo se faz tal qual o Matahi do Murnau fez...

1 comentário:

Sam disse...

Fabuloso!

É o meu favorito do Epstein.

Cumps cinéfilos.