Majid Majidi
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Beed-e Majnoon fala-nos de um cego de quarenta e poucos anos que depois de uma queda se desloca a Paris para fazer uns exames. Descoberto um tumor benigno no olho direito fazem-lhe a operação e nesse entretanto descobrem que os olhos reagem à luz. Conclusão, outra operação e Youssef fica a ver. A partir daí, Majid (ainda que traga todo o sentimentalismo que todos os seus filmes têm) constrói a complexidade dum homem novo, dum homem que após trinta e tal anos sem ver ganha uma nova visão do mundo (no início Youssef chamava ao seu lar e à sua família “o pequeno paraíso”, coisa que depois rejeita), novos desejos. Beed-e Majnoon é uma fábula, algo que nos diz que só temos uma oportunidade na vida e que a devemos aproveitar, algo que nos diz que às vezes é preferível ser cego, viver na escuridão como diz Youssef. Ainda que ele demonstre sempre essa fé, há em Youssef, depois de recuperar a visão, uma tentativa de recuperar também o tempo perdido, de construir uma nova vida longe daqueles que sempre o amaram e a quem lhes deve tanto (e de esquecer o passado, de o apagar até), uma ganância que aos olhos de Majidi se revela como uma ingratidão para com Deus (a oportunidade de voltar a ver foi-lhe dada por Deus após rogo de Youssef), e por isso aquele final em que ele vai buscar outra vez o livro e alcança a redenção. Por isso, e além de todo o humanismo e de toda a fé presente, Beed-e Majnoon é um filme sobre a ingratidão e sobre como as pessoas só se lembram de Deus quando precisam dele. O lirismo e a fé de Majidi.
2 comentários:
Se quando ateu era cego e passou a ver somente com a ajuda de Deus, ou quando passou a ter fé, se o filme tem este mote, dificilmente será do meu agrado.
Um abraço.
Nada disso Enaldo. Vê o filme, ou melhor, descobre Majidi :)
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