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25 de julho de 2011

L'Uomo Delle Stelle (1995)
Giuseppe Tornatore

L'Uomo Delle Stelle é mais uma fábula Tornatoresca, mais uma tragicomédia que arrasta uma certa doçura nostálgica (que atinge o ápice no final) e romântica sobre um impostor que se serve do cinematógrafo e a ilusória promessa da fama para extorquir dinheiro. Numa Sicília pós-segunda grande guerra onde a miséria reina, onde o sonho do cinema é coisa remota e ilusória, Morelli é o personagem que faz rir e faz chorar, que traz a falsa esperança do sonho de se ser actor a quem já pouca tem. Ao contrário da sua opus magnum Cinema Paradiso, Tornatore distancia-se da homenagem e do amor ao cinema para aqui o usar como instrumento falacioso e esperançosamente vão. L'Uomo Delle Stelle é sobretudo uma ode à Sicília ou ao povo siciliano, um conto do vigário que espreme a miséria de um povo, o seu isolamento social e económico, os sonhos e a ingenuidade desse povo. No entanto, Tornatore humaniza tudo (como é hábito) incluindo o seu anti-herói que depois de enfrentar as consequências do seu acto encontra na paixão por Beata a sua remissão. Um bom filme, um belo filme (espantosa cinematografia), mas nada mais que isso.

19 de março de 2010

La Sconosciuta (2006)









Em La Sconosciuta, Tornatore pisa terrenos desconhecidos, caminha fora do seu território. Gostei do ambiente negro, da queda para o thriller, para o mistério. Gostei dos planos, da comunicação entre câmara e espectador. E a banda sonora cai que nem uma luva naquele ambiente, naquela história. Mas tudo muito artificial, muito maquilhado, a aproximar-se do mainstream (como já é habitual em Tornatore). La Sconosciuta quer ser um thriller psicológico mas cai no facilitismo, no enredo melodramático daquela mulher, cai na vitimização de Irena. Quer expor a prostituição, o tráfico e a escravidão de mulheres de leste, mas perde-se no enredo, perde-se no amor maternal, perde-se nos clichés habituais do thriller. Quanto a mim, prefiro o cinema a que Tornatore nos habituou.

11 de março de 2010

Baarìa (2009)













Baarìa é uma odisseia. O último filme de Tornatore é uma história nostálgica acima de tudo. E é isso que admiro em Tornatore, é isso que ele tem a capacidade de criar. A nostalgia, a beleza da nostalgia. Não nos deixemos enganar, o cinema de Tornatore é sensacionalista, sentimentalista. Mas é-o puramente, sem demagogias (embora a crítica social esteja lá sempre), belo, é essencialmente um hino à vida. E olhemos para Nuovo Cinema Paradiso, para La Leggenda Del Pianista Sull'Oceano, para Stanno Tutti Bene ou para Malèna e vemos sempre essa nostalgia, esse sentimento onírico do que foi. E nisso Tornatore é mestre, um génio. Baarìa é a odisseia da vida de Peppino, o retracto social de Bagheria, a vila siciliana onde o cineasta nasceu. E Baarìa (gíria pela qual a vila é conhecida) firma-se assim como a obra mais autobiográfica de Tornatore. Certo, mas nem por isso a melhor. E não o é porque Tornatore perde-se nesse sentimentalismo e em simbolismos incógnitos (o final do filme é mais do que incógnito, é desnecessário, inútil, borra a pintura toda). O próprio argumento do filme; embora aliado ao poder sentimental, à beleza e à importância que Tornatore dá à vida, ao percurso de uma vida, enfim, à nostalgia; é mal desenvolvido e sobretudo mal explorado. Falta ali algo, falta um envolvimento maior do actor no seu personagem, algo mais concreto, mais vida, menos sentimentalismo, menos nostalgia. Tornatore usa e abusa da história de Peppino, do personagem em si. Falta mais presença da vida de Mannina (a mulher de Peppino), falta mais desenvolvimento no romance dos dois. Falta mais esclarecimento na vida política de Peppino, mais conhecimento dos seus ideais. A verdade é que (e mesmo assim o filme demora duas horas e meia) é muito difícil contar uma história como esta, a história de uma vida. O que Tornatore quis fazer teria de ser feito em quatro ou cinco horas. O problema fulcral de Baarìa é o desenvolvimento da história. Porque de resto é irrepreensível. Fotografia, a música de Morricone, os planos, cenário, etc., o filme é belo, é épico. Mas perde-se dentro de si, perde-se no seu sentimentalismo, perde-se sobretudo no seu grande trunfo, a nostalgia.