*ao João Palhares que tem toda a razão quando diz que este é o melhor filme do Nolan.
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10 de julho de 2011
6 de novembro de 2010
Inception (2010)

No cinema há sempre quem queira por ornatos onde não os há na tentativa desesperada de inventar o que não pode ser inventado. A chamada ornamentação invisível. Classificar Inception como obra-prima ou o mainstream de autor é claramente o caso. Pelo andar da carruagem, qualquer dia temos aí à porta o Stallone de autor ou o porno de autor. Sei lá… Filmar é coisa de miúdos e saber filmar é coisa de graúdos. E o grande problema é que este cinema é coisa de miúdos, logo, coisa para estes, onde tudo dá ares aos videojogos e com visual de videoclips.
No entanto, Inception traz uma premissa interessante. Sonhos e uma filosofia intelectualóide sobre o controlo da mente humana quando inconsciente e a consequente manipulação desta. Qualquer coisa como isto. Interessante premissa sem dúvida. E à partida, pensamos nós, vem-nos à memória um Cocteau (como dizia o Oliveira) ou até um Lynch, e fantasiamos com algum surrealismo existente naquele mundinho de Nolan. Mas engana-se quem assim o imaginou. Surrealismo ou onirismo nem pó. O que há (o conteúdo) é uma historiazinha emocional (sensibilização barata) dum ladrão, o qual viu a mulher se suicidar por ambos (o casal) terem brincado demais nos sonhos (o que resultou numa confusão mental - a dela - sobre a autenticidade da realidade) e que quer voltar para casa para junto dos filhos (os quais não pode ver porque lá nos states pensam que foi ele que matou a mulher), historiazinha que cai por terra (ou na praia como nos inicia o filme) porque tudo o que o cineasta do mainstream de autor mostra são efeitos à Matrix (aliás, o Matrix é inspiração para muita coisa neste Inception, desde os efeitos especiais ao recrutamento do arquitecto [a Paige] e passando pela complexidade que quer atribuir ao complexo realidade/sonho), são filosofias baratas e teorias ridículas sobre como roubar e introduzir ideias dentro dos sonhos (já não bastava a descabida invenção de entrar em sonhos alheios e manipular isso, o homem ainda quis meter ao barulho ideias, inspirações, memórias e sonhos dentro de sonhos e mais sonhos) e, são tiros e mais tiros e explosões atrás de explosões a obstruir o ecrã. Engraçado, fiquei sem saber se aquilo era filme de acção, de ficção científica ou de fantasia (acho até que se adequa mais a este último género porque aquilo tudo não passa de pura fantasia frenética para os putos dos tais videojogos).
O Vasco Câmara tinha toda a razão quando dizia que o Sr. Nolan põe em cena a explicação da anterior e a antecipação da posterior. Tudo é explicadinho ao mais ínfimo pormenor. Aliás, além da teoria e das filosofias baratas que está constantemente a explicar, o cineasta do mainstream de autor cria simbolismos que (também estes) são constantemente explicadinhos ao pormenor (o pião do Di Caprio, a cena das crianças). Sempre presente estão também os clichés habituais que vão desde as personagens (quase todas elas clichezadas) até aos diálogos (excluindo os das explicações daquele enredo de sonhos) e passando por algumas cenas (uma delas quando a Paige vai embora após o seu primeiro sonho mas depois volta [facto que o Di Caprio antecipou]). Aliado a isto tudo temos uma realização banal onde, por vezes, se denotam rasgos de audácia do cineasta com alguns movimentos de câmara (nada que o Cameron e o Scott não saibam fazer). Efeitos slow motion e coisas parecidas dispenso (lá está o videoclip).
Inception é complexo, complicadíssimo com tanto sonho dentro de sonho e introduções e extracções de ideias e inspirações. Mas descomplica-se a ele próprio porque Christopher Nolan não deixa nenhuma ponta solta. Está tudo explicadinho para que o mais leigo dos espectadores possa perceber Inception.
14 de outubro de 2010
Chamem-me radicalista ou anti-blockbusters, mas o que é certo é que Inception é uma cagada em três actos (ou três sonhos). Certo certo está o Vasco Câmara:
Bola negríssima para o sr. Nolan e "Origem". Tanto sonho dentro do sonho (causa sono) e o espectador metido num colete de forças. Serve para atordoar, para ninguém se atrever a arriscar: o grande medo deste cinema é que o espectador saia fora do programa e se digne imaginar para lá do que não é mais do que um jogo com vários níveis programados. Se começarmos a imaginar... Os actores estão aqui não para nos darem personagens (que não existem), mas para servirem como educadores que zelam pela ordem. Isto é, para nos explicarem o que se passa a seguir e o que se passou antes - isto é mesmo uma ditadura. Já repararam certamente que eles nunca se calam. É também o medo do sr Nolan (que ainda foi algo esquálido em "Memento" mas que desde então tem acreditado no que têm dito e escrito sobre ele e tem engordado de pretensão a olhos vistos) para que ninguém se dê conta, com tanto barulho, que o rei vai nu.
Bola negríssima para o sr. Nolan e "Origem". Tanto sonho dentro do sonho (causa sono) e o espectador metido num colete de forças. Serve para atordoar, para ninguém se atrever a arriscar: o grande medo deste cinema é que o espectador saia fora do programa e se digne imaginar para lá do que não é mais do que um jogo com vários níveis programados. Se começarmos a imaginar... Os actores estão aqui não para nos darem personagens (que não existem), mas para servirem como educadores que zelam pela ordem. Isto é, para nos explicarem o que se passa a seguir e o que se passou antes - isto é mesmo uma ditadura. Já repararam certamente que eles nunca se calam. É também o medo do sr Nolan (que ainda foi algo esquálido em "Memento" mas que desde então tem acreditado no que têm dito e escrito sobre ele e tem engordado de pretensão a olhos vistos) para que ninguém se dê conta, com tanto barulho, que o rei vai nu.
21 de agosto de 2010
29 de julho de 2010
Sobre Inception

Aqui fica a crítica do Oliveira.
Visualmente enfadonho
Por razões que a "sociologia do espectador" um dia explicará, Christopher Nolan tornou-se especialista em "rebentar com o tomatómetro do consenso de massas", como se escrevia outro dia no "Village Voice" (e se o leitor não sabe o que é o "tomatómetro" procure os Rotten Tomatoes na Internet). Outro famigerado "tomatómetro", o Top 250 da IMDB, mete 3 filmes de Nolan nos primeiros 30, e "A Origem" está em terceiro... Pois sim. Um "filme sobre sonhos", anuncia-se, e a gente fantasia com um Cocteau americano ou com um blockbuster surrealista.
O que há é um Christopher Nolan inglês, e surrealismo nem vê-lo - pobres devem ser os sonhos de Nolan, tão visualmente enfadonho é o seu filme (que tem muito mais a ver com "second lives" e "third lives", ou com uma existência "em rede", plena de "zeitgeist", a que se tenta atribuir alguma misteriosa "transcendência", se a "sociologia do espectador" não se importar que a gente vá avançando uns tópicos).
Avesso a qualquer noção de "estilo", o filme avança de cenas desinteressantes em cenas desinteressantes, banalmente filmadas e montadas (a única ideia "onírica" tem a ver com uma canção de Piaf, é a melhor ideia e é uma ideia de som) como as de qualquer anónimo "action movie" (muita correria, muito tiroteio), cosendo tudo com uma intriga complicadíssima sobre "implantações" e "extracções" de "ideias".
Dez anos a escrever o argumento, diz Nolan, e mesmo assim, dizemos nós, "A Origem" tem que pôr as personagens permanentemente a explicar o que aconteceu na cena anterior e o que vai acontecer na cena a seguir, como se o filme tivesse integrado um PDF com o manual de instruções (há alguns filmes de "fc" que funcionam assim, mas não se levam a sério um décimo do que "A Origem" se leva: longas explicações sobre "barreiras anti-projecções" e afins, who cares?).
Acaba com um piãozinho a rodopiar, ao género dos cavalinhos brancos do "Blade Runner", para deixar o espectador a "pensar". Ora, tomates. (Donnie Darko, por onde andas tu?).
PS: Nota especial para o comentário do anónimo (que se pode ler na imagem) que vai de encontro ao que a crítica do Oliveira refere.
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