14 de agosto de 2025

La nature (2019, Artavazd Pelechian)
| a indestrutibilidade e a impiedade da natureza |


"Quando a Natureza for rejeitada
e ecoarem infinitos trovões,
quanto bastem para o acerto de contas,
pelos impensados actos dos homens.

Os trovões explodirão vezes repetidas,
seguidos de muitos relâmpagos, fachos
penetrantes de luz, para que os homens
enlouqueçam - condenação merecida.

A terra ficará então ressecada e sem frutos,
os rios adormecidos em seus míseros leitos,
os lagos apenas pequenos pontos d'água,
as florestas serão cemitérios de riquezas,

os oceanos com suas histórias de navios
e de gente serão o túmulo maior,
o céu ficará toldado por corrosiva fuligem
e do sol não mais existirá calor e brilho."

Pedro Luso de Carvalho, 'A Revolta da Natureza'








 
Na mo naku mazushiku utsukushiku (Zenzô Matsuyama, 1961) 


happiness of us alone é coisa tão idílica quanto realista, tão belíssima quanto tristíssima, tem uma hideko takamine não só belíssima como soberba na sua interpretação duma surda no pós-guerra nipónico, é um portento de filme sobre a resiliência, a força interior e o amor... foi a esta op de matsuyama que yimou veio "beber" para o seu to live; maravilhoso melodrama




"Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias."

Ricardo Reis







1987, Odinokiy golos cheloveka, Aleksandr Sokurov 


the lonely voice of man é daquelas coisas no cinema só possíveis pelos génios, tão carregado do lirismo platonoviano (de quem é adaptado) como do sentido filosófico e espiritualista sokuroviano - herdeiro tarkovskyano; op 




Revolução isto é: descobrimento
Mundo recomeçado a partir da praia pura
Como poema a partir da página em branco
— Catarsis emergir verdade exposta
Tempo terrestre a perguntar seu rosto

Sophia de Mello Breyner Andresen, 'Revolução – Descobrimento'





Il giudizio universale (1961, Vittorio De Sica)
| sátira burlesca (salvo o pleonasmo) |




2024, Seses, Laurynas Bareisa
| tragédia báltica |





Materialists (2025, Celine Song) 


em materialists, celine song basicamente repete a fórmula de past lives, rodeia uma teoria de cálculos matemáticos sobre relacionamentos e casórios para no final se render ao amor, conclui o que já tantos antes dela concluíram: o dinheiro não é tudo, alias, o amor é mais importante que o dinheiro; no fim de contas é mais do mesmo, mas em termos qualitativos, menos do mesmo.

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