6 de abril de 2023
Os primeiros filmes do Hou Hsiao-Hsien, os das décadas de 80 e 90 - daqueles que vi até agora (Feng gui lai de ren, I dong dong de jiàqi, Tóngnián wangshì, Bei qing cheng shi, Xi meng ren sheng e Nan guo zai jian, nan guo) -, são coisas idílicas e líricas que fazem lembrar os filmes de Ford ou de Borzage ou de Ozu, sobretudo os dos anos 80, têm aquele sentimento que rejeita o sensacionalismo, que alcança a comoção mas evita a pieguice e abraça a depuração do cinema (seja lá o que isso signifique) na sua relação directa com o cinema clássico, são coisas donde brota uma veia épica (especialmente o Tóngnián wangshì, que é coisa autobiográfica, e o Xi meng ren sheng) alicerçada na crueza da estética visual e narrativa, no mundano e no seu momento, coisas que confluem na aliança entre o espaço e o tempo como matéria “productora” dos sentimentos (nostalgia e melancolia [a espaços] “à cabeça”)… há em Hsien uma procura nessa poetização da violência, coisa que me parece resvalar duma procura de analisar ou mostrar o desenvolvimento da sociedade taiwanesa, órfã da paternidade do continente e condenada à “reinicialização” da sua caminhada, resto da sobrevivência da guerra civil e da separação da pátria-mãe - base de todas as suas obras que já vi -, mas o lirismo e a procura dos afectos está lá sempre presente, à espreita, à espera da oportunidade de se agigantar e suprimir essa violência, seja ela de que natureza for… o foco parece-me ser sempre o amadurecimento das suas personagens centrais, seja na infância ou na adolescência, paralelismo (também aí) com a sociedade taiwanesa? Seja como for, o cinema de Hsiao-Hsien é coisa preciosa e belíssima!
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Nunca antes um filme foi tão sublime, tão esplêndido. Magnífica obra-prima de Milos Forman que junta a melhor obra do realizador tal com...
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