30 de abril de 2017
Francofonia é (como de resto já o Arca Russa o era) uma das mais puras manifestações do amor de Sokurov pela arte e pela história… é uma contemplação daquilo que a arte representa no mundo e na história, o elo que os une e toda a extrema importância que isso tem no mundo e no tempo. Francofonia deambula mais pela história e pela sua representação directamente ligada à arte que propriamente pelos corredores do Louvre… coisa que se afasta do Arca Russa onde todo o tempo e todo o espaço era confinado num único plano-sequência pelos corredores e salas do Hermitage. Aqui anda-se mais pelas ruas de Paris, lá no alto a observar a cidade da arte e da cultura mundial, quer em representações do passado quer em imagens do presente… à semelhança do Arca Russa temos figuras históricas (tanto a Marianne da República Francesa e da sua revolução como o Napoléon responsável - entre outras coisas - pela obtenção de muitas das obras de arte que o Louvre alberga) que assombram e deambulam nesta magnífica viagem e homenagem ao museu do Louvre… aliás, Sokurov quer homenagear os museus, “o que sería de nós sem os museus” diz ele a dada altura… Francofonia é amor pela arte, pela pintura e pela escultura, e para isso explora a história, com mais incidência na época da segunda guerra mundial em que quer documentar esse tempo de resistência em que o Louvre sobrevive a uma das maiores ameaças já existentes… traz duas figuras preponderantes nessa preservação e manutenção do museu e das suas relíquias, uma francesa (Jacques Jaujard, director nacional do Louvre e dos museus nacionais) e uma alemã (Franz Wolff-Metternich, o comandante ou responsável pela Kunstschutz - departamento militar nazi da protecção e preservação das obras de arte, museus e monumentos históricos quer franceses quer europeus) e vai representando-as numa mescla de ficção e documental na procura dum sentido quer histórico quer temporal da arte e da sua importância quer no mundo quer nas nossas vidas.
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