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24 de janeiro de 2010

La Libertad (2001)

É inevitável que La Libertad me agrade muitíssimo como cinema. Puro, simples, sem enredos, sem artefactos. Nem documentário nem ficção, uma mistura dos dois. Um homem, seguimos o homem, seguimos um dia de trabalho desse homem. Rudimentar.

16 de dezembro de 2009

Los Muertos (2004)

Um filme de Lisandro Alonso






Fazer cinema (puro e bom cinema) é simples e Lisandro Alonso é actualmente um dos cineastas que o prova. Los Muertos é o segundo filme do argentino que vejo e se Liverpool me deslumbrou, este confirmou o que previa, Alonso é de facto um grande cineasta a emergir. E é tão simples e tão rudimentar a forma de Alonso contar uma história que é isso que o torna tão bom. Liverpool é essencialmente o último adeus a casa, Los Muertos resume-se ao recomeço. E é isso que Alonso filma, a viagem de Argentino Vargas para reencontrar a filha, o adeus à cadeia e a procura do recomeço. Lento (como o é Liverpool), com um mínimo de diálogos (Sharunas Bartas veio-me à cabeça), naturalista e paisagístico. De facto, Los Muertos e Liverpool pouco ou nada diferem. Porque se Liverpool é Farrel e Farrel é Liverpool, Los Muertos é Vargas e Vargas é Los Muertos. Porque tanto num como noutro Alonso quer filmar o homem, sobretudo o homem e os locais pelos quais passa. E pouco interessa se Vargas matou a família inteira, é irrelevante. Alonso só pretende filmar o homem e a sua viagem. E tudo tão simples, sobretudo simples. Mas bom, muito bom.

2 de julho de 2009

Liverpool (2008)

Um filme de Lisandro Alonso









Ora bem, acabei de ver o filme e...

Aparentemente, “Liverpool” é um filme sobre o regresso a casa. O regresso de Farrel (Juan Fernandez), um marinheiro que dada a oportunidade retorna à terra que abandonou há muitos anos. Mas o filme é isto, é o quotidiano, o seu regresso à terra para ver a mãe e a filha que abandonou e por fim a volta ao navio. Ou seja, aparentemente o filme é nada.
Mas erra quem assim pense, ou quem não consiga vislumbrar o que está por detrás desse nada, desse vazio. “Liverpool” é muito mais que isso, é um filme sobre a dor, sobre o arrependimento, sobre os remorsos que visitam o homem. Mas essencialmente, “Liverpool” é a viagem de Farrel, os seus passos, as suas acções, os lugares por onde passa. Aqui não há uma narrativa lógica, não há uma história trágica ou feliz, não há romance, não há nada desses convencionalismos que vemos no cinema. Não, “Liverpool” é Farrel e Farrel é “Liverpool”. Ou seja, Alonso quer filmar uma visita, um último adeus, um respirar mais uma vez na terrinha, um conhecimento do que ficou, do que deixou para trás, ele quer filmar um homem e acompanhá-lo no seu trajecto.
E Lisandro Alonso desenvolve o filme lentamente e opta por um distanciamento da câmara que carrega toda uma vertente naturalista. E as expressões corporais, as pequenas acções do quotidiano ganham aqui relevo importantíssimo para dar ao filme esse aspecto realista. E o mais importante de tudo isto é ver que Alonso nem sequer envereda pela veia moralista, pela tentação de condenar Farrel pelo abandono, pelas suas escolhas. Não, Alonso quer filmar o homem e mais nada.
Isto sim é cinema.