há um momento perto do final de yuwaku, aquele do fotograma em cima, em que setsuko hara, maravilhosa como sempre, após sair de junto do leito da moribunda mulher do seu amado - e isto num filme onde o conflito moral se vai desenvolvendo à medida que o amor se vai construindo -, e caminhar por aquele sombrio corredor fora, ao ouvir o chamamento daquelas crianças pela mãe moribunda que agonizava, olha para cima e de entre toda a escuridão que perfaz a tela um raio de luz ilumina o seu olhar e uma parte das mãos, juntas como se duma prece se tratasse; ora, num único plano yoshimura contem ali um mundo inteiro, numa dualidade que remete para as sombras do desejo e do adultério (mesmo que só desejado e só cometido com aquele beijo quase no final e que antece a fatalidade) e para a luz do amor não consumado e da esperança, mas também para as sombras da morte e a luz da liberdade para amar; yuwaku é soberbo... soberbo!

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