An Cailín Ciúin, Colm Bairéad, 2022
Baseado no conto de Claire Keegan, Foster, An Cailín Ciúin é uma fábula comovente que fala de afecto, e da falta dele. Mas o mais interessante em An Cailín Ciúin é a forma como Colm Bairéad filma este seu filme de estreia (uma vista de olhos pelo imdb mostra-nos que os trabalhos anteriores são sobretudo em televisão).
Numa família numerosa e disfuncional, quatro filhas e um quinto a caminho, Cáit é uma criança introvertida que acusa falta de atenção e de afecto, coisa que irá encontrar na sua jornada em casa de uns “pais adoptivos” enquanto a mãe tem o quinto filho.
An Cailín Ciúin é coisa neorealista, mas dum realismo efabulado e lírico, voga pelas águas da perda, da carência e do amor como sentimentos mais fortes e mais valorosos que a inveja, a mesquinhez e o menosprezo. E isto tudo filmado por Bairéad num tom cinzento e sombrio, frio e austero, numa alusão não só à disfuncionalidade da família e da tragédia “assombrada” do passado que irá “descobrir” no seio daquele casal (Eibhlín e Seán), como também, parece-me, à própria identidade cultural daquela Irlanda (e todo o “mundo” british) negra e fria. Maravilhoso.
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