2021, Babi Yar. Context, Sergei Loznitsa
de notar que Loznitsa evita a demasiada exposição da organização nacional ucraniana (o envolvimento ou colaboracionismo é apenas referido e não explorado, sem que se deixe de realçar as ordens alemãs) e parece, ao invés, sugerir ou talvez aludir a uma culpa "nacional", são mesmo as palavras de Loznitsa a referir que os judeus foram massacrados sem resistência do povo... Mas mais que a sugestão de culpa, Loznitsa parece querer mostrar (ou sugerir) um colaboracionismo não só das milícias nacionais ucranianas (os tais bandeiristas), bem como da população... cronologicamente, Loznitsa mostra-nos a recepção calorosa e em clima de festa dos populares de Lvov aos alemães, nomeadamente uma faixa onde se inscrevia "viva Hitler" ou coisa semelhante, mostra o já prenúncio do que sofreriam os judeus quando, como retaliação a um massacre na prisão de Lvov pelos soviéticos antes de abandonarem a cidade, os tais nacionalistas culpam e massacram os judeus, para depois se centrar na figura de Hans Frank, o governador alemão e na sua (na representatividade alemã) "comunhão" com o povo. Pelo meio ainda mostra a "absolvição" de prisioneiros soviéticos (ucranianos) ao serem entregues às respectivas esposas e/ou pais... Ainda assim, não há ali uma condenação explícita quer ao povo ucraniano quer à tal organização dos nacionalistas ucranianos, há uma sugestão perante os factos, há citações (uma de Vassily Grossman) e outra dum jornal local de Kiev que (fiquemo-nos por alusão) aludem a uma culpa e a um colaboracionismo do povo ucraniano. Culmina nos julgamentos e nas execuções de alguns soldados nazis.
Babi Yar é uma reconstituição histórica aprimorada (imagens tratadas, som feito) duma zona geográfica que raramente é mencionada nos livros ou menções do Holocausto e que foi palco de um dos maiores genocídios da história.
Não é por acaso que Loznitsa é, actualmente, um dos melhores documentaristas do mundo.