2011, Nana, Valérie Massadian
Com Nana somos confrontados com um cinema de gestos e da sua observação, na mistura do real e do imaginário, daquela criança que repete os mesmos gestos da mãe e do avô, como que numa automatização da imitação que resulta no aprendizado, afinal de contas é assim mesmo o aprendizado duma criança, na imitação dos gestos da(s) figura(s) paterna(s)... num meio que a confronta com a realidade da vida e da morte, a violência da cena inicial é na realidade apenas coisa integrante da vida, contrasta, isso sim, com a dissimulação da vida citadina que se afasta da origem daquilo que tem no prato das refeições, mostra as coisas como são, é no fundo um filme de quem lhe interessa o momento, os gestos, os movimentos, a acção espontânea - como quando a mãe desaparece e Nana põe em prática todos os ritos e acções que foi aprendendo e num momento em que alguém a corrige quando esta lê aquele livro, responde que ela agora já sabe ler -, e observar isso tudo... como que num estudo antropológico sobre a natureza comportamental do ser humano ou objecto observacional dos gestos e daquilo que revelam, num filme claramente "herdeiro" do cinema de Pedro Costa a quem nos créditos finais agradece... Nana é uma pequena relíquia cinematográfica!
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