O filme de Kaneto Shindô é coisa singela e duma beleza que me parece exclusiva a alguns… àqueles de destreza, de grandiosidade, àqueles dum outro tempo e outro cinema… não há hoje em dia cineasta que consiga filmar aquele sentimento, aquela simplicidade!... não há hoje cineasta que filme assim a tragédia… ou se os há são parcos, raros… hadaka no shima é desmesuradamente observacional, minucioso nos detalhes, nos ritos, na mecanização e automatização do processo laboral ou rural, nos gestos, nos trajectos… a dada altura veio-me à memória o finis terrae do Epstein, a mesma obstinação nos processos humanos e laborais em detrimento do enredo em si, a quase “documentarização” do objecto filmado, apenas interrompido pela chegada da tragédia anunciada. Ainda assim, quando esta acontece, a tragédia, o registo cinematográfico adoptado até ali não muda, à primeira vista pode até parecer que existe ali uma certa frieza quando apenas se filma a aceitação e a resignação… e os planos finais imersos na explosão da dor, da confrontação do pilar mais forte daquela família numa reacção oposta a outra anterior (lá no início do filme... nada de dor aí, apenas a reacção ao erro da mulher), compreensão e amadurecimento, a dor a moldar o homem, surgimento dum novo homem… são coisas idílicas ainda que abalroadas por certos primitivismos, ainda que a tragédia e a dor tentem usurpar grande parte dessa singeleza. Enorme!
11 de fevereiro de 2022
O filme de Kaneto Shindô é coisa singela e duma beleza que me parece exclusiva a alguns… àqueles de destreza, de grandiosidade, àqueles dum outro tempo e outro cinema… não há hoje em dia cineasta que consiga filmar aquele sentimento, aquela simplicidade!... não há hoje cineasta que filme assim a tragédia… ou se os há são parcos, raros… hadaka no shima é desmesuradamente observacional, minucioso nos detalhes, nos ritos, na mecanização e automatização do processo laboral ou rural, nos gestos, nos trajectos… a dada altura veio-me à memória o finis terrae do Epstein, a mesma obstinação nos processos humanos e laborais em detrimento do enredo em si, a quase “documentarização” do objecto filmado, apenas interrompido pela chegada da tragédia anunciada. Ainda assim, quando esta acontece, a tragédia, o registo cinematográfico adoptado até ali não muda, à primeira vista pode até parecer que existe ali uma certa frieza quando apenas se filma a aceitação e a resignação… e os planos finais imersos na explosão da dor, da confrontação do pilar mais forte daquela família numa reacção oposta a outra anterior (lá no início do filme... nada de dor aí, apenas a reacção ao erro da mulher), compreensão e amadurecimento, a dor a moldar o homem, surgimento dum novo homem… são coisas idílicas ainda que abalroadas por certos primitivismos, ainda que a tragédia e a dor tentem usurpar grande parte dessa singeleza. Enorme!
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Nunca antes um filme foi tão sublime, tão esplêndido. Magnífica obra-prima de Milos Forman que junta a melhor obra do realizador tal com...
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