VIAGEM AO PRINCÍPIO DO MUNDO: O LASTRO DO CORAÇÃO
Quanto mais poético, mais verdadeiro.
Novalis
A história de um velho realizador ciente da aproximação do seu fim, de visita aos lugares marcantes
do seu passado, confrontado e embevecido com uma jovem e bela actriz, revela-se com toda a melancolia na traição do seu corpo envelhecido face à
memória longínqua do desejo. Ao considerar a longevidade uma bênção divina refere que o “preço” é
a ausência de todos a quem pudesse abraçar. Uma
história que se cruza com a de um homem, filho
de um emigrante que morreu precocemente num
acidente, em França, que vai à procura de uma
tia guardiã das suas raízes, na Aldeia do Lugar do
Teso. Uma possibilidade de libertação? Um desejo
de transcendência da própria vida?
Filma-se o cruzamento entre um caminho até ao
fim e um caminho de regresso às origens, através
da filmagem em vórtice duma estrada percorrida
e doutra a percorrer, momento pontuado pelo
personagem Duarte: “Um tempo que separa outro
tempo, que com o tempo se torna agora presente”.
O primeiro instante poético do encontro destas duas
histórias dá-se dentro do automóvel, cenário central
deste filme “on the road”, quando Mastroianni num
silêncio eloquente reage como um deus à injustiça
social da história que acabara de ouvir. No segundo
instante poético deste filme, o grupo das quatro personagens desta viagem chega às ruínas do Grande
Hotel do Pezo, onde o fulgor do passado não passa
de pura consternação; Mastroianni abeira-se de uma
velha árvore, uma araucária, tentando chegar à flor
cor-de-rosa que a sua mão já não consegue alcançar,
murmurando: “Quem quando doente não se lembrará do tempo em que tinha saúde…”
Chegados à razão inicial desta viagem, depois de diversos caminhos cruzados aonde os temas da morte
e da vida atravessam todos e cada um, o grande
encontro com a genial actriz Isabel de Castro, a velha tia. Não me lembro de tamanha interpretação no
cinema português; tanta humanidade, tanta sageza,
tanta ternura… a grande aliança de talento e trabalho, de uma actriz e a sua personagem. Chegados ao “princípio do mundo” resta-me referir o terceiro
instante poético deste belíssimo autorretrato de
Manoel de Oliveira, o meu amigo, que vi aos oitenta
e nove anos nadar às 7h30 da manhã, na piscina
de um hotel de Caminha, durante a rodagem deste
filme, a ida ao cemitério consubstanciada no plano
mais belo do filme feito de mãos, flores e pão.
Diogo Dória
31 de outubro de 2015.
Esta história começou num dia de verão de 1987, em
Braga, durante as filmagens de O Desejado (1987) de
Paulo Rocha. Conto eu ou conta Manoel de Oliveira?
O melhor é contar Manoel de Oliveira, que passo
a copiar e a traduzir do livro Voyage au début du
monde, Ed. Alpha Bleue, Paris, Abril de 1997.
“A história que me inspirou o ‘découpage’ do filme
Viagem ao Princípio do Mundo, foi-me contada por
João Bénard da Costa. Trata-se de um episódio que
se passou por ocasião da rodagem de uma co-produção luso-francesa, no norte de Portugal. Havia
um actor francês que entrou nessa co-produção.
Chamava-se Afonso e era filho de um pai português
e de uma mãe francesa. Quando chegou a Portugal,
o actor lembrou-se de tudo o que o pai lhe contara,
em França, sobre a aldeia em que nascera, sobre a
família, sobre uma tia ainda viva. O actor só pensava
numa coisa: conhecer tudo isso. Exprimiu esse
grande desejo a dois dos seus colegas portugueses:
Duarte de Almeida (pseudónimo de João Bénard da
Costa) e Manuela de Freitas. Explicou-lhes que o pai
emigrara aos 14 anos, em busca de uma vida melhor
e que atravessara a Espanha, à época da guerra
civil, antes de se fixar em França. Cerca de dez anos
depois, Afonso, segundo e último filho dele, nasceu
em Toulouse. Aprendeu todo este passado com o
próprio pai, que muitas vezes lhe falou das coisas
que tinha vivido. Mas o pai não o ensinou a falar a
língua dele. Afonso não sabia uma palavra de português. Os dois colegas ofereceram-se para ajudar
o actor a realizar o seu desejo de voltar aos lugares
donde o pai partira e, num dia de folga, meteram-se
a caminho”.
Foi exactamente assim que se passou, nesse Verão
de 1987, em Braga. Só uma pequena mudança, que
talvez não seja tão pequena assim, como lá para
diante explicarei. Afonso não é o nome do actor,
mas o apelido. Chama-se Yves Afonso, como consta
da legenda final e, entre muitos papéis (de Godard
a Stévenin) fez um dia de chauffeur de João (Luís
Miguel Cintra) no de Paulo Rocha. No filme,
Yves é o irmão de Afonso, esse irmão que a tia tanto
pede, no final, para conhecer. Ou seja, a personagem
do filme chamar-se-á Afonso Afonso, duas vezes
Afonso, oriundo de uma terra de tantos Afonsos,
como a certa altura no filme se observa.
E Yves Afonso, Manuela de Freitas e eu pusemo-nos
a caminho em 1987, à procura do Lugar do Teso, nos
arredores de Castro Laboreiro, onde nascera o pai
de Yves e onde ainda vivia uma tia dele, a tia que ele
queria conhecer. O que se vê no filme corresponde
aproximadamente ao que vivemos – os três – na casa
da nora da velha Maria Afonso (só que a rapariga
não era francesa mas bem portuguesa), na casa de
Maria Afonso, pessoa tão impressionante como Isabel
de Castro o é no filme, e no cemitério. Foi uma das
experiências mais extraordinárias e mais radicais
da minha vida. Quando voltávamos, com a emoção
que Oliveira transpôs para esta obra-prima, a certa
altura, para amenizar, começámos a falar das cenas
de O Desejado previstas para o dia seguinte. E foi
então que Yves Afonso teve o desabafo que no filme
também se conservou, na boca de Jean-Yves Gautier:
“Histórias, histórias! Inventam tantas, mas ninguém
filma uma como esta que hoje vivemos e que não
foi inventada por ninguém!” Enganou-se. Manoel de
Oliveira, cerca de dez anos depois, filmou-a.
Contei-a a muita gente, a Manuela de Freitas contou-a
a muitas outras, imagino que Yves Afonso (que nunca
mais vi) a terá contado a muitas mais. Mas ninguém
a ouviu com mais atenção do que Manoel de Oliveira,
quando lha contei, no Outono de 1994, durante a rodagem de outro filme: O Convento (1995). E mal a concluí,
Oliveira disse-me que queria filmar aquela história.
Dou-lhe outra vez a palavra: “Esta história simples
causou-me enorme impressão porque a vi como uma
ligação com o que se passava nos conflitos do leste,
na Checoslováquia, na Hungria, na Tchetchenia, uma
espécie de regresso às raízes, que se adivinhava nesse
movimento [...] Parece-me que subsiste o que chamaria uma ‘ordem’ atávica, em que etnias, que nunca se extinguiram, permanecem obscuramente, como que
adormecidas, no fundo do nosso ser.
Percebi que a circulação dessa ‘ordem’ se faz por via
subterrânea e se transmite, através do sangue e da
memória, alimentando um enorme cordão umbilical
que, nas suas ramificações, nos liga às origens da
humanidade. Acaso serão elas que, ao longo dos
tempos, nos conduzem a conceitos tão sólidos
como os conceitos de tradição e de evolução, que a
natureza tornou nossos ‘compagnons de route’? Por
isso, a história que João Bénard da Costa me contou
me pareceu de grande actualidade, direi mesmo de
permanência e portanto tão propícia à evocação
de recordações e atavismos. Mais ainda: o Lugar do
Teso, a aldeia donde o pai saíra um dia, tornou-se,
para mim, um símbolo. Deixei de a ver como uma
simples aldeia, para ver nela Portugal e até a representação do mundo – a casa da humanidade”.
Não posso citar o texto todo, mas Oliveira explica a
seguir como é que a história das memórias de Afonso
(daqui para diante, chamar-lhe-ei como no filme se
chama) invocou as memórias dele, numa viagem que
o levou obrigatoriamente (o advérbio é de Oliveira)
a passar por lugares que faziam parte da vida dele,
“momentos da sua (ou da minha) juventude”.
A partir daqui, convém prestar alguma atenção aos
cinco ocupantes daquela carrinha, às cinco personagens que vão viajar até ao princípio do mundo.
Primeiro os três actores: Yves Afonso deu lugar
a Afonso (ou Afonso Afonso, como já disse) interpretado por Jean-Yves Gautier, também um actor
francês, numa “co-produção luso-francesa, no norte
de Portugal”. De Duarte de Almeida, Oliveira conservou o nome de Duarte, para o papel de Diogo Dória,
sobretudo um contador de histórias ou, ainda mais
precisamente, um cicerone didáctico. E é ele quem
faz a aproximação entre a Judite do filme e a Judite
bíblica, numa versão soft da história de Holofernes,
e é ele quem introduz o tema da monarquia (casamento de D. Duarte Pio, mas o Duarte que ele é
nada tem que ver com a família real) e é ele quem
diz – e repete – “un temps qui sépare un autre temps
qui, avec le temps, devient maintenant présent”,
recebendo um bravo irónico de Mastroianni.
De Manuela de Freitas a Leonor Silveira o percurso (a “circulação”, nos termos de Oliveira) é
mais secreto. Mas o nome e o acto de Judite as
podem unir e esse nome é tudo menos inocente.
Decepadoras de homens. E Judite se chamou
Manuela de Freitas no filme de João César
Monteiro, A Comédia de Deus (1995), em que expulsa o protagonista do Paraíso, para além de outras
sevícias várias. Nada a ver? É bem possível. Tudo é
possível. Fiquemos pois com uma Judite, a que viaja naquele carro e, no início da viagem, se entrega,
com evidente prazer, a um cruel jogo de massacre
com o seu “realizador bem-amado”. Perversíssima
nas primeiras memórias (ou nas primeiras saudades) quase se eclipsa em Lugar do Teso, para
aparecer, no fim, vestida à minhota, no film in the
film que nunca saberemos qual é.
Muito mais importantes são os outros dois. Neste
caso, ao contrário do caso “real”, o realizador
acompanha os seus actores. E o realizador – último papel de Mastroianni, único papel de Mastroianni
num filme de Oliveira – chama-se Manoel, com o
e tudo, e é evidentemente o alter ego de Oliveira.
As memórias dele não são as memórias de
Mastroianni, mas as memórias de Oliveira, evocando o pai, o irmão Casimiro, as amantes do irmão,
a sua experiência de internato nos jesuítas em La
Guardia, etc. Mastroianni é Oliveira, até com o chapéu de Oliveira na cabeça? Sim, mas... Mas, atenção
ao condutor. E o condutor, presença discretíssima
- tão discreta que alguns nem repararam nele, aparentemente fora daquele filme ou daqueles filmes,
sem voz activa nos diálogos e uma só vez falando
(quando, em Castro Laboreiro, pergunta o caminho
para o Lugar do Teso) – é interpretado pelo próprio
Oliveira, com um chapéu igual ao do realizador. Não
faz nada? Esse pouco, que é conduzir uma viagem,
missão de Caronte. E – no que é para mim o plano
mais perturbante deste filme tão perturbante – é
ele quem vai buscar o binóculo, quando o grupo
pára em Caminha, diante do Colégio de La Guardia.
E o binóculo tanto permite o zoom subjectivo sobre
o Colégio, aproximando-nos dele, quanto permite
o grande plano do rosto de Judite, de quem tanto
se pode dizer que está vestida (fato de maruja)
à Anna Karina, como à Jean Vigo, como o Diabo
vestido de mulher apareceu ao Estilita no Simón
del desierto (Simão no Deserto, 1965) de Buñuel. É
pouco depois que Manoel lhe chama perversa (“ta
question est non seulement indiscrète, mais elle
est perverse”) e maligna (“c’est ta question qui est
pleine de malignité”) no diálogo mais explicitamente sexual (e erótico) do filme.
E vale a pena reparar com atenção (vejam o filme
várias vezes) no fabuloso plano sequência do
Grande Hotel do Pezo (ou das ruínas do Grande
Hotel do Pezo) nas posições do condutor. Ora se separa do grupo, ora fica, humilde e observador, muito
atrás dele, ora – por duas vezes – ocupa o plano
(plano geral) com Mastroianni. Depois, depois de
atravessarem a ponte que os leva ao Lugar do Teso,
desaparece de vez e não surge nunca mais, nem ao
de leve, nas memórias de Afonso.
Várias vezes no filme se procede ao contraste entre
o passado burguês do realizador e o passado proletário do pai de Afonso. Não se podem comparar as
experiências nem as vidas de um homem que, desde
a mais tenra infância, teve automóveis, quando automóveis quase não os havia e nunca passou frio, fome
ou sede, com as de um homem cuja meninice e adolescência foram marcadas por tão fera miséria, que
um dia fugiu, entre lobos e penhascos, para comer (ou
não comer) o pão que o diabo amassou. Não se podem? Eu não diria tanto, pois que um passado a outro
levou e o sofrimento do cineasta se não conheceu as
mesmas formas, conheceu outras.
E quando tudo se reúne é na sequência do Pedro
Macau, outro dos cumes da arte de Oliveira. Pedro
Macau é memória de Manoel que conta como o viu
em criança. Mas é para Afonso que a cantilena dele
(recitada pela aldeã) é dita, traduzida, repetida e
retraduzida. E é Afonso quem a decora, não Manoel.
Quem é que às costas tem um pau mais pesado?
Quem é que pede que o tirem deste degredo? E perto
do fim do filme, perto do fim da viagem, Pedro Macau
é visto de costas e só um repara nele.
“Tornar-se senhor do caos que se é” é a epígrafe
do filme, citação de Nietzche. Tê-lo-á conseguido o
actor, que, no fim, vestem de campino, ou seja lá do
que for, e recita, uma vez mais, o poema de Pedro
Macau? Soube, pelo sangue, vencer a constante pergunta da tia (inadjectivável Isabel de Castro) quando
arregaçou a manga e lhe disse (ou lhe mostrou)
que o sangue, e não a fala, é a casa do ser (“por
que é que não fala a nossa fala?”)? Soube olhar-se
ao espelho e olhar nele Isabel Ruth, chamada para
Circe final, noutra obscuríssima recitação? Tornou-se senhor do caos que anda à volta dele?
Tê-lo-á conseguido, o realizador? Já disse que
foi o último papel de Mastroianni, muito doente e
sabendo que o estava. Como se desdobrou ele nas
memórias de outro, nas ruínas de outro, apoiado a
uma muleta e pedindo tanto a piedade alheia como
a recusando? Estou a confundir personagem e actor? Como não os confundir aqui, quando quem se
despede da vida é um e não outro? Como não fixar
que o último plano de Marcello Mastroianni (dos últimos) no-lo mostra num cemitério, coxeando entre
as campas ou presidindo à fabulosa genuflexão de
Maria Afonso e do sobrinho Afonso? Mas ninguém
pode pensar, um minuto que seja, em crueldade,
ou em crueldade idêntica à de Judite para com ele.
Porque quem o olhava – quem o conduzia – era um
homem que quase podia ser pai dele e a quem nada
do que se passava com ele podia ser alheio. É um
assombroso acto de coragem dupla. Mais do que
todos, ambos sabem do degredo e dos pategos que
passam, como nós todos espectadores somos, ou
como sobretudo eu, que impudicamente me meto
no meio disto, mais do que todos sou.
Por isso, a minha única pergunta face a este filme
magistral, é a pergunta que pergunta pelo título.
Viagem ao Princípio do Mundo? Ou Viagem ao Fim
do Mundo? Ao princípio, ainda não vimos ninguém, a
câmara avança com o carro num imparável traveling
para a frente. Mas, à medida que vamos sabendo
mais dos passageiros dele, os travelings não nos
empurram para a frente, mas para trás. É o contra-plano do plano o que sobretudo é mostrado. Oliveira
costuma ter horror aos planos que não são planos de
ninguém. Desta vez, não se contradisse, como apressadamente se pode concluir. Essa visão é a visão do
retrovisor, é a visão só possível ao condutor. Depois
da paragem em Caminha (lembram-se de eu lhes ter
falado dos binóculos?), sobretudo depois da paragem
do Peso, a visão dominante (até Castro Laboreiro) é a
visão do que ficou para trás, visão que só um – um só
– podia ter naquela barca. E se barca lhe chamo, não é
só por metáfora, mas porque ninguém, como Oliveira,
filmou os passageiros de um automóvel assim, como
se fossem passageiros de um barco, como se do
interior de um barco se tratasse.
Depois, lembramo-nos que ao corpo se chamou caixa
(há um filme de Oliveira com esse nome) que algures se disse “comme la route s’éloigne de nous”, que o
barco de Caronte foi mesmo figurado (barco negro, no
rio Minho), que Pedro Macau está de joelho em terra,
como de joelhos ficará Afonso (“e foi a primeira vez
que me ajoelhei”), que Manoel faz caretas ao lobo embalsamado da casa de Cristina, que “vivre longtemps
est un don de Dieu, mais il a son prix”, que Judite
(sequência do Peso) se abraça à árvore como que
segurando um enorme falo. Volto a repetir: Viagem ao
Princípio do Mundo ou Viagem ao Fim do Mundo?
Três actores e um realizador, conduzidos por um
fantasma. Mas quem vê é o fantasma. Ou o realizador. Os outros só se vêem uns aos outros. Ou, como
Maria Afonso, não vêem nem ouvem ninguém, até
que a carne e o sangue lhes digam o que nunca
lhes pôde dizer a “nossa fala”.
Imago mundis. Com ela, sim, a única que nunca
olhou para trás. Talvez por isso (mas será?) ela é a
única que é senhora do caos que se é.
Cada vez que vejo este filme, mais inesgotável ele
me parece. Por isso – desta vez – me atrevi, com
muito impudor e o jeito de cicerone que herdei de
Duarte (ou que Duarte herdou de mim) tocar nalgumas chaves para os seus quartos mais secretos.
Diante de mim, as ruínas do hotel. E meço o tamanho da árvore, com a memória de Vertigo (A Mulher
que Viveu Duas Vezes, 1958). Mas, como o filme me
ensinou, ninguém é alguém, todos são outros. “Tu
n’est déjà plus toi. Tu es un autre”.
E termino com Oliveira, que me autorizou a intromissão. “Este filme, importa sublinhá-lo, é uma ficção,
uma ficção sobre presenças, saudades e atavismos.
Os sítios são os sítios autênticos. Não é o caso dos
personagens, que são todos representados por outras pessoas e não por eles próprios. Assim, Marcello
Mastroianni faz o papel do realizador. Diogo Dória
o de João Bénard da Costa. Leonor Silveira o de
Manuela de Freitas (sob o nome de Judite) e Manoel
de Oliveira o de chauffeur”.
Todos, outros. Todos, nós. Mas um só é eu. Ele,
Manoel de Oliveira.
João Bénard da Costa
(in Folhas da Cinemateca, 27 de dezembro de 2007).
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