Rua da Vergonha de Mizoguchi é o derradeiro filme sobre as mulheres… hino à fortaleza ou à força da natureza que são as mulheres… ali há-las de todos os tipos e feitios, estão ali ou vão ali parar por várias razões e objectivos… ali “há de tudo como na feira”! E não, não me parece que tenha havido outro cineasta que tenha filmado tão bem a Mulher, que a tenha explorado até ao seu imo como Mizoguchi fez… como dizia Bénard, que a tenha amado como Mizoguchi… e Rua Da Vergonha ou Akasen chitai é talvez o seu grande “hino” a Elas…
Mas mais uma vez falo de fantasmagoria que percorre o cinema de Mizoguchi… aqui não a há, ou não se vislumbra tão facilmente, pois olhando no fundo do fundo deste filme tão feérico e profundo que é Akasen chitai poderá vislumbrar-se toda essa fantasmagoria na alma daquelas mulheres onde se desvincula o corpóreo do espiritual… essa alma nunca será tocada como tantas vezes o é o corpo… é esta a grande “lição” de Rua da Vergonha, assim como todo o percurso de algumas daquelas prostitutas se deve pela sobrevivência, assim como a escolha e o tal percurso de vida de Yumeko se fez pelo filho para este a desprezar e a “condenar” à loucura… Mizoguchi distancia-se do etéreo para se instalar no corpóreo e em toda a sua materialidade e objecto pecaminoso… a perda da candura e da dignidade… vender o corpo… e Mizoguchi separa-os, o corpo da alma, esta sempre permanece…
Ainda teremos que vincar toda a questão social e política que Akasen chitai revela, o papel da mulher na sociedade, as classes e a sua luta, a miséria a luta pela sobrevivência que a tudo o resto remete… Rua da Vergonha está para Mizoguchi como 7 Women está para Ford, e não há no mundo (ou poucos há no mundo) “coisas” tão homogéneas como as derradeiras obras destes dois mestres... porque se em Mizoguchi se ergue todo o poder feminino em sobreviver (ainda que deambulando) na miséria e na prostituição, em Ford e no seu 7 Women (que diga-se é o filme mais Mizoguchiano de Ford) ergue-se todo esse poder em sobreviver naquelas missionárias e freiras na China dos anos 30…
Forças descomunais, furacões, coisas assombrosas que emanam da alma e se espalham por aqueles corpos (e Akasen chitai é tão erótico quanto negro, tão lúcido quanto idílico) e rostos e pelos caminhos traçados por aquelas mulheres contra o mundo, o corpóreo que transcende do espírito e da alma e da força da mulher… guerra aberta, tão aberta quanto os planos de Mizoguchi...
Monstruosidade total, grandiosidade absoluta.
Mas mais uma vez falo de fantasmagoria que percorre o cinema de Mizoguchi… aqui não a há, ou não se vislumbra tão facilmente, pois olhando no fundo do fundo deste filme tão feérico e profundo que é Akasen chitai poderá vislumbrar-se toda essa fantasmagoria na alma daquelas mulheres onde se desvincula o corpóreo do espiritual… essa alma nunca será tocada como tantas vezes o é o corpo… é esta a grande “lição” de Rua da Vergonha, assim como todo o percurso de algumas daquelas prostitutas se deve pela sobrevivência, assim como a escolha e o tal percurso de vida de Yumeko se fez pelo filho para este a desprezar e a “condenar” à loucura… Mizoguchi distancia-se do etéreo para se instalar no corpóreo e em toda a sua materialidade e objecto pecaminoso… a perda da candura e da dignidade… vender o corpo… e Mizoguchi separa-os, o corpo da alma, esta sempre permanece…
Ainda teremos que vincar toda a questão social e política que Akasen chitai revela, o papel da mulher na sociedade, as classes e a sua luta, a miséria a luta pela sobrevivência que a tudo o resto remete… Rua da Vergonha está para Mizoguchi como 7 Women está para Ford, e não há no mundo (ou poucos há no mundo) “coisas” tão homogéneas como as derradeiras obras destes dois mestres... porque se em Mizoguchi se ergue todo o poder feminino em sobreviver (ainda que deambulando) na miséria e na prostituição, em Ford e no seu 7 Women (que diga-se é o filme mais Mizoguchiano de Ford) ergue-se todo esse poder em sobreviver naquelas missionárias e freiras na China dos anos 30…
Forças descomunais, furacões, coisas assombrosas que emanam da alma e se espalham por aqueles corpos (e Akasen chitai é tão erótico quanto negro, tão lúcido quanto idílico) e rostos e pelos caminhos traçados por aquelas mulheres contra o mundo, o corpóreo que transcende do espírito e da alma e da força da mulher… guerra aberta, tão aberta quanto os planos de Mizoguchi...
Monstruosidade total, grandiosidade absoluta.
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