Um filme de Sergio Leone
E continuamos no mesmo tema. No vício, na necessidade, na dependência. Mas "Clean and Sober" é um filme mais soft que "Leaving Las Vegas". É menos negro, menos dramático. É sobretudo menos pessimista mas completamente consciente da realidade, das consequências da droga e do álcool. E Keaton tem uma interpretação fenomenal. Olhando para o ano de 1988, e não inferiorizando "Rain Man", "Clean and Sober" merecia algum reconhecimento por parte da Academia de Hollywood. Mas infelizmente já sabemos como funciona Hollywood.
"Leaving Las Vegas" é acima de tudo um exercício da necessidade, da carência. E é injusto dizer que "Leaving Las Vegas" é Cage e Shue e mais nada. Porque Figgis faz um trabalho espantoso de direcção. Principalmente a direcção dos actores que, realmente, são o grande trunfo do filme, o âmago desta história. Mas "Leaving Las Vegas" é mais que isso, é uma ruptura com a sociedade. É a reflexão da necessidade, do vício. E depois a tristeza que abunda do início ao fim, o ambiente negro e de dor, da vontade da reabilitação que recusa chegar, da rendição humana face ao domínio da necessidade, da fraqueza.
Quando encontrou as Fontaínhas e aqueles com quem encontrou uma hipótese de família, como disse, filmar era devolver-lhes qualquer coisa...
Pedro Costa
Há algo comum em todas as personagens de “Gespenster”, algo que é inclusivamente comum nas películas de Petzold. E esse algo é a solidão. A solidão que assola quase todas as personagens do filme. A falta de afecto está bem presente em “Gespenster”.