10 de fevereiro de 2009

TUVALU (1999)



“Tuvalu” é uma pérola do cinema europeu que não necessita legendagem onde quer que seja visto. Aqui fala-se a linguagem universal, a linguagem gestual à excepção dos nomes das personagens e algumas expressões tais como “ambulanz”, “inspektor”, “technologie”, “perfect”, “system”, “no”, “end”, entre outras que toda a gente percebe.
Tuvalu é o nome de um grupo de nove atóis, situado no Oceano Pacífico. Estas ilhas adquirem aqui, pelas personagens de Anton (Denis Lavant) e Eva (Chulpan Khamatova) um significado metafórico, alegórico; o paraíso, a terra dos sonhos.
Datado de 1999, com realização de Veit Helmer, “Tuvalu” oscila entre o real e o imaginário, mergulha na utopia de uma terra perfeita e paradisíaca que é desejo constante na alma de dois indivíduos que até os nomes nos fazem crer que nada é feito ao acaso. Fábula intrínseca de estética pós-apocalíptica, “Tuvalu” insere-se na vertente de obra visual poderosa, não obstante a um forte argumento e brilhantes interpretações.
Em local incerto e decadente pontuado por edifícios em ruínas, encontra-se num destes, Anton, filho do proprietário do hotel, homem cego e velho que vive em prol de uma piscina velha, ladeada por azulejos a cair, mosaicos a saltar e buracos no telhado, onde toda a clientela é fictícia mas real para este, fruto de um constante empenho por parte de Anton em reproduzir uma cassete com sons de pessoas a nadar e a brincar na piscina. Gregor (Terrence Gillespie), irmão de Anton, pretende adquirir o edifício com vista à demolição deste e construção de um maior e mais moderno. Eva vai chegar e o amor vai surgir no coração de Anton e dela, que acompanhada pelo pai, instala-se no decrépito hotel e vai descobrir que ali existe uma peça que precisa para que a caldeira do barco do seu pai funcione. Enquanto isto, Gregor tenta tudo para que um inspector feche o hotel e Anton se veja obrigado a vender-lho. Pelo meio, o pai de Eva morre e esta atribui as culpas a Anton.
“Tuvalu” é uma obra-prima maravilhosa, bela, original, cativante e surreal. É tudo o que o cinema tem de extraordinário.

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