4 de setembro de 2017


Parece-me que em Sans toit ni loi Agnès Varda assume toda a rebeldia não só de Mona como de uma geração, a da Nouvelle Vague…mais do que a vagabundagem ou a inadaptação quer social quer individual (e aqui vem-nos à memória a grande monstruosidade de Truffaut e o seu Les quatre cents coups) parece-me que Varda quer perpetuar no tempo (ou no cinema) toda a rebeldia dos grandes cineastas da nouvelle vague. Talvez seja impressão minha, talvez não, mas o facto é que a similaridade existe e Sans toit ni loi busca no seu todo uma forma de (in)explicar um certo sentido de insurreição contra o mundo ou apenas contra a sociedade. Se Mona vagueia por aquela França rural e invernosa numa busca dum certo sentido ou lugar no mundo que parece não existir ou não coabitar consigo, numa luta interior desenfreada, desorientada e infrutífera onde não podia deixar de haver os caminhos tortuosos do álcool e das drogas leves, parece-me sóbrio e lógico entender que aquela jovem perdida no mundo e no seu caos que lhe faz escolher a ociosidade e a inutilidade vagueia e percorre todo o seu rumo e todo o filme em busca dum nada resultante dum conflito interior perpetuado por uma rebeldia quer geracional quer pessoal…

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