2 de abril de 2013


“La Pivellina”, primeira ficção dos documentaristas Tizza Covi e Rainer Frimmel (tal como o russo Loznitsa que se aventurou também na ficção com o seu “Schastye moe” - e o último “V tumane” é dos filmes que mais anseio ver), é objecto tão realista quanto directo, tão lúcido e tão ternurento quanto brutal e frio, coisa que parte duma certa herança (que à medida que se desenvolve foge dela a "sete pés") do neo-realismo ou, se quisermos trazer o documental à baila e atribuir-lhe esse tal realismo que se procura em todo o filme, e dum olhar da câmara à mão (ou de restícios do Dogma 95 se assim o quiserem chamar), abstido de qualquer virtuosismo, perto da crueza e da rudeza, tudo pelo realismo, para contar uma história de afecto e de amor conquistado por uma criança abandonada encontrada por uma circense de meia-idade que nunca pôde ou nunca quis ter filhos. Passa-se todo o tempo à espera da mãe da criança (porque esta é mais uma boca para alimentar e um fardo para carregar) para no final carinho e apego gritarem mais alto e lamentarem, e lá no fundo reclamarem, a iminente ida da pequena Asia.

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