27 de janeiro de 2013

O olhar de Christian Petzold em “Barbara”, ainda que imerso no exílio do passado, é acima de tudo resignado embora um resignar esperançoso, sobretudo no amor ou nas relações amorosas. Ali tudo transpõe o político mesmo que a apatia que daí resulta seja plena. O mais importante é o tempo, que, ainda que viva no passado, fale do futuro e duma analogia actual. Mas não se pense que o politiquismo ocupe o espaço que o conformismo abrange, “Barbara” é filme dum país em que o passado ainda assombra, quase como Loznitsa fez em “A Minha Alegria” (diferindo na claridade e no calculismo de que Petzold não abdica), mas dum país que procura respostas e soluções para a frieza e vergonhosa história do passado. É por isso que Barbara nos irrompe quase como uma heroína no meio daqueles renegados todos, revolucionária que abdica da sua própria liberdade em detrimento da liberdade daquela miúda em constante martírio, mulher cheia de compaixão e de humanismo, coisa altruísta. Em “Barbara” surge-nos a aceitação do exílio e sobretudo a esperança num futuro radioso desse exílio, exílio esse que embora nos fale do passado nos surge como pleno no presente e no futuro.

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