21 de julho de 2011

First Blood foi um dos “meus” primeiros filmes. Vi e revi, gostei e adorei, até um dia em que o detestei. Há coisa de dois anos, voltei a ver e voltei a gostar. Ontem revi mais uma vez e gostei ainda mais. O que interessa? Tudo, desde o primeiro momento que First Blood é um filme mítico, embrenhado num classicismo bruto, num humanismo (e na falta dele) que já pouco existe no cinema americano, é o espaço e o sentido de espaço que mais interessa, a brutalidade da violência como imagem da brutalidade da sociedade, a forma de se tratar um herói, não só como aquele xerife o tratará mas como a sociedade o trata (o próprio coronel que até ali o abandonou), esquecido pelo tempo e pelo espaço. O que há em John Rambo é a erosão e a explosão interior dum homem que face à injustiça daquele xerife traz de volta a guerra que até ali abraçou, é a irascibilidade do interior mutilado dum herói esquecido e abandonado, a solidão em todas as suas formas. E First Blood é tudo o que John Rambo é, algo esquecido e abandonado pelo tempo.

First Blood (1982)
Ted Kotcheff

11 comentários:

João disse...

Adoro o filme, digam o que disserem. Já agora, o último Rambo também é muito bom, apesar de completamente diferente deste First Blood.

Álvaro Martins disse...

Ainda não vi o último mas conto fazê-lo em breve.

Pedro Teixeira disse...

Gosto também muito deste "First Blood" :). E, tal como o João, também gostei do último Rambo, por vezes esquecido mas também um bom filme.
Vê Álvaro o último Rambo que vale a pena, nem que seja por relembrar e "reviver" essa mítica personagem eheh

Abraço

José Rodrigues disse...

um dos melhores filmes de sempre.

Álvaro Martins disse...

Sim Pedro, assim que puder irei vê-lo.

José, não vou assim tão longe.

Anónimo disse...

Nunca vi nenhum Rambo nem Rocky, sempre fui mais virado para Star Wars e Indiana Jones

Fernando Oliveira disse...

Não concordo. Já não me lembro muito bem deste filme, mas julgo ser apologista de um "espirito militarista" e de uma reacção tipo "dente por dente" que, julgo, me pareceu demasiado fascista.
De qualquer maneira, nos meus registos, tem bolinha preta.

Enaldo Soares disse...

Acho este filme detestável, assim como qualquer Chuck Norris. O único Stallone que suporto é Copland. Rambo foi um subproduto típico do governo Reagan, síntese do que havia de pior nos anos oitenta, quase tão ruim quanto Rock, o lutador.

Mas um filme de extrema direita ganhar a vossa admiração me faz, cada vez mais, ficar admirado do poder mágico do cinema.

Álvaro Martins disse...

Enaldo, vais-me desculpar a linguagem, mas que merda é que a política tem a ver com o cinema? Ou melhor, o que é que o ser de propaganda (não me esqueci dos do Dovzhenko eheh) ou de extrema direita ou esquerda ou outra politiquisse qualquer diminui ou engrandece a qualidade do filme?

Comparar este filme ou o Rocky com Chuck Norris é no mínimo incauto e absurdo. Não gostares é uma coisa, eu próprio, como já referi, o odiei em tempos. Hoje vejo-o com outros olhos, despretensiosos, olhos atentos ao filme em si, à história, ao classicismo do filme (aqueles minutos iniciais são brutais). O que interessa ali não é a violência mas sim o que causa a violência, as metáforas que são criadas (sejam de esquerda ou de direita ou do centro)... O Rambo não é pior nem melhor que um filme do Peckinpah, aí também há muita violência, desmesurada. O que interessa são os valores e a forma como são filmados, o humanismo que há ali, a solidão, a violência como coisa já inata naquele homem, sei lá, tanta coisa para analisar. Não é nenhuma obra-prima, não é nenhum grande-filme, mas também não é aquilo que muitos "pintam", é um bom filme. Isto é a minha opinião é claro!

O Copland é um bom filme sim, mas nem por isso é melhor do que este ou do que o Rocky que para mim é o melhor filme com o Stallone.

Enaldo Soares disse...

Concordo em linhas gerais com o que disseste, mas a abordagem política está sempre presente nas suas análises, a menos que a crítica ao capitalismo que tanto aprecias ( fazer a crítica, não o sistema em si,rs...)não lhe pareça uma postura política.

Tenho para mim que você é dos cinéfilos mais exigentes e cultos, capaz de perceber e irritar-se com os "facilitismos", uma palavra que não consigo apreender o significado exato em português brasileiro.

O meu estranhamento foi de admiração, não de desapontamento. Mas é como se a maioria dissesse: Blade Runner é 9 ou 10 e tu o disseste: dou-lhe 6 ou 7. E, continuando, a maioria (os que gostam de ver "bons" filmes, claro está) dessem 0 ou 1 para os Rambos, e tu: não, assistam com mais vagar e verão que é pelo menos um 5 ou 6.

Um grande abraço e vosso site é como um café com croissant nas manhãs parisienses,rs...

Álvaro Martins disse...

Antes de mais, obrigado pelo elogio, fico muito lisonjeado.

Depois, relativamente à abordagem política, uma coisa é estar sempre presente outra é tomar partido, denegrir ou enaltecer o objecto (filme neste caso) pela sua abordagem, ser partidário. Isso, penso que nunca esteve presente naquilo que escrevo (corrijam-me se estiver errado). Quanto ao capitalismo, é algo um pouco complexo na forma de lhe atribuir ou não uma compreensão política, isto porque, a meu ver, se é verdade que o capitalismo provém da política, neste caso, o cinema, é algo que “mexe” com a indústria, ou seja, a mercantilização ou a comercialização do cinema como coisa de massas deriva do capitalismo. Ora, se a comercialização como veículo principal e quase absoluto (nos dias que correm) para a produção, pós-produção e a conclusão da obra (filme) é aquilo que fundamentalmente “assassina” o cinema é legítimo ou penso ser legítimo fazer essa crítica sem que se lhe atribua qualquer conotação política.

PS: atenção que dou valor a este Rambo, o First Blood, o resto não merece sequer ser referido, mesmo o último que vi recentemente e o qual me pareceu mais do mesmo (do segundo e do terceiro). Um abraço.